Parmesão, camembert, gouda, prato e azul são alguns dos queijos que estão no catálogo da Delícias Beni, agroindústria de Jandaia do Sul, no norte do Paraná.
A marca que conquista a cada dia mais clientes começou como um desafio pessoal da Elzilene Dornelo Alegre.
A paranaense de 39 anos decidiu que mudaria de vida e a produção de queijos em um pequeno espaço no campo foi a chave para a grande virada.
Ela buscou ajuda no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) sobre que atividade poderia começar que ajudasse nas contas de casa. “Comece com a produção de leite para ter uma renda garantida”, orientaram os técnicos.
Produção de queijos começou com 15 litros de leite por dia. Foto: Elzilene Alegre/Arquivo Pessoal
“Fiz curso de queijos sem ter vacas de leite. Fiz curso de manejo de animal, mesmo sem ter nada, fui fazendo cursos”, conta Elzilene ao Agro Estadão.
Após alguns cursos, a Elzilene se sentiu mais encorajada a dar o passo seguinte – e ousado. Pediu demissão, comprou algumas vacas e começou a aventura.
Tudo começou na cozinha de casa
Os primeiros queijos foram produzidos na cozinha da casa da família, ainda na cidade. No sítio, ficavam apenas os animais. O marido ia todos os dias até lá para tirar o leite e trazer para a mulher fazer as receitas.
“Teve dias que eu errava a receita e perdia tudo. Meu marido ficava muito bravo por jogar fora 15 litros de leite”, conta, agora, em meio a risos.
As vendas começaram entre os vizinhos, que foram indicando para amigos, que foram fazendo encomendas com frequência. Pronto, o negócio tinha nascido. E para homenagear os dois filhos – Benício e Nicolas – o nome escolhido foi “Delícias Beni”.
Morar no campo era mais que uma opção: oportunidade
Para aumentar a produção, a Elzilene precisava de mais espaço e também profissionalizar o negócio. Foi aí que surgiu a ideia de se mudar para o sítio com a família toda.
“As crianças teriam mais contato com a natureza, um lugar para gastar energia e brincar”, pensou a mãe, também preocupada com o bem estar dos dois meninos.
Mas o sítio não tinha casa e, então, ela e o marido construíram uma edícula – sala, cozinha, quarto e banheiro. É nesse espaço que a família mora hoje, pois o investimento todo tem sido feito na agroindústria. E ela não se arrepende de ter trocado a cidade pelo campo.
“Hoje, produzimos 120 litros de leite por dia e tudo vira queijo. Se tivesse mais, virava queijo”, promete a empreendedora.
O marido também largou o emprego para investir na agroindústria
O negócio avançou e prosperou tanto que o marido deixou o emprego como operador de máquina em uma indústria de cana. Agora ele é o responsável pelo manejo dos animais e entrega dos produtos. O filho mais velho, de 14 anos, ajuda na ordenha e a alimentar os animais. “O caçula, de 8 anos, diz que o sonho dele é ser veterinário”, conta.
A Elzilene continua comandando a produção dos queijos e pensando em receitas novas. Recentemente, ganhou medalha de bronze com um queijo meia cura no 3º Mundial do Queijo do Brasil, realizado em São Paulo, no mês de abril.
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Ao trocar a papelada e burocracia pelo curral e fogão da casa no campo, a Elzilene só pensava em ter mais autonomia financeira e profissional. Acabou encontrando vocação para a vida. “A qualidade de vida é muito maior, sem falar na alegria de estar com a família e construindo tudo isso juntos”, afirma.