Esse feromônio, secretado pela pele da glândula mamária de vacas lactantes, agora está disponível em uma versão sintética nos EUA, chamada FerAppease, para uso em bovinos que enfrentam estresse em práticas de manejo rotineiras, comuns na produção de carne e leite.
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Ao observar uma vaca mãe acalmando um bezerro agitado, passando de choro a uma amamentação tranquila quase instantaneamente, é possível notar a ação de um feromônio naturalmente produzido, conhecido como substância apaziguadora materna bovina (MBAS, na sigla em inglês).

Esse feromônio, secretado pela pele da glândula mamária de vacas lactantes, agora está disponível em uma versão sintética nos EUA, chamada FerAppease, para uso em bovinos que enfrentam estresse em práticas de manejo rotineiras, comuns na produção de carne e leite.

 

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Desenvolvido e comercializado pela FERA Diagnostics & Biologicals, o FerAppease vem sendo pesquisado e avaliado por cientistas da saúde animal em diversas práticas de produção ao longo da última década.

“A substância apaziguadora materna bovina é algo que venho investigando há quase 10 anos, e os resultados são sempre consistentemente positivos”, relata Reinaldo F. Cooke, DVM, PhD e professor titular de produção de gado de corte na Texas A&M University.

O FerAppease é projetado para ser aplicado topicamente na pele da nuca e acima do focinho. O produto é assimilado localmente pelo órgão vomeronasal, localizado na cavidade nasal, e é eficaz por até 14 dias.

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“Quando o animal cheira a substância apaziguadora bovina, o órgão vomeronasal capta esse estímulo e o traduz para o cérebro como um efeito calmante. Basicamente, alivia a percepção do estresse pelo cérebro do bezerro”, explicou Cooke ao Dr. Dan Thomson, veterinário da Production Animal Consultation e apresentador do DocTalk, durante um podcast recente.

Resultados para a saúde em animais de corte e leite

Em animais de corte, Cooke avaliou o produto em várias etapas de produção: no desmame em rebanhos de vaca/bezerro, em bezerros sendo colocados em confinamento e em bovinos prontos para o abate.

Ele também conduziu um estudo em bezerros de leite prontos para o desmame. O estudo foi realizado em uma fazenda leiteira comercial em Nova York para avaliar os resultados de saúde em bezerros Holandeses tratados versus não tratados. A aplicação da MBAS reduziu a incidência de diarreia (71% nos controles e 59% nos bezerros tratados) e diminuiu a mortalidade (7,8% nos controles e 2,4% nos bezerros tratados).

 

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Mais de 10 estudos realizados em gado de corte

Para o gado de corte, Cooke e seus colegas publicaram artigos com base em mais de 10 estudos demonstrando o desempenho do FerAppease. Um dos estudos mais recentes da Texas A&M University, revisado por pares, foi publicado na edição de agosto de 2024 do Journal of Animal Science.

Os resultados mostraram que a administração do FerAppease resultou em uma redução dos marcadores fisiológicos de estresse em bovinos. Comparado ao grupo de controle, o gado que recebeu o FerAppease teve menores concentrações de cortisol no soro após castração e menores concentrações de cortisol no pelo durante os primeiros 28 dias de confinamento.

“Um aumento nos níveis de cortisol é o principal fator fisiológico negativo resultante do estresse, que impacta o apetite, a saúde e o ganho de peso dos bovinos”, afirma Cooke.

Especificamente quanto aos benefícios para a saúde decorrentes da administração do FerAppease, os resultados do estudo mostraram uma melhora na imunocompetência, com concentrações mais altas de anticorpos no soro contra o Parainfluenza 3 nas vacinações inicial e de reforço, segundo um comunicado da FERA.

Houve também uma melhora geral na resposta imunológica e recuperação superior da Doença Respiratória Bovina (BRD) nos bovinos de corte tratados com o FerAppease. Uma parcela maior dos animais tratados com o produto precisou de apenas um único tratamento com antibióticos para recuperar a saúde após o diagnóstico de BRD, em comparação com o grupo de controle. As taxas de mortalidade devido à BRD foram 83% menores no gado tratado em relação ao grupo de controle.

Múltiplos usos práticos com retorno positivo sobre o investimento

Ao avaliar onde a tecnologia se encaixa na produção pecuária, Cooke menciona que seu primeiro foco foi nos bezerros ao desmame, “especialmente porque o bezerro leva cerca de duas semanas para se recuperar da separação da vaca”.

“Depois, foquei no gado de recepção de alto risco, devido a todos os estresses associados ao confinamento inicial. A reimplantação também é um momento em que podemos abordar o estresse do processamento do gado. E o último período que sugiro é antes do envio ao frigorífico, para lidar com o estresse do carregamento, transporte, chegada e espera no frigorífico, o que pode resultar em maior rendimento de carcaça”, explicou Cooke ao Dr. Thomson durante o DocTalk.

Cooke acrescenta que o estudo publicado no Journal of Animal Science mostrou que, ao aliviar o estresse relacionado ao processo de transporte ao frigorífico, houve um aumento de 1,5 pontos percentuais no rendimento de carcaça, equivalente a aproximadamente 14 libras (6,35 quilos) adicionais de carcaça.

Cooke acrescenta que a análise econômica para o uso do FerAppease, dependendo da fase de produção, oferece aos produtores um retorno sobre o investimento entre 20:1 a 30:1.

Rodrigo Bicalho, CEO da FERA Diagnostics & Biologicals, afirma que o tratamento com FerAppease custa cerca de US$ 3 por cabeça para bovinos adultos e US$ 1,50 por cabeça para bezerros.

Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

O documentário de curta metragem foi contemplado pelo edital da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, conta com o apoio da Prefeitura Municipal e tem como objetivo apresentar a relevância cultural, social e econômica da produção de laticínios em Carambeí, município cuja história se entrelaça com a imigração europeia e com a própria história do leite no Sul do Brasil.

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