A cadeia produtiva do leite no Brasil está em transformação, e as projeções para 2025, de acordo com o estudo “Perspectivas para o Agronegócio Brasileiro 2025” do Rabobank, apresentam um cenário misto, com oportunidades e desafios.
ROBÔ DE ORDENHA LELY. Brasil.

Para os especialistas, 2024 foi um ano de recuperação para o setor de laticínios no Brasil. Após um 2023 desafiador, produtores e indústrias conseguiram reequilibrar as finanças, principalmente com o preço do leite em níveis elevados e custos de produção estáveis. O mercado consumidor também mostrou sinais de recuperação, com a melhora dos índices de renda e emprego, impulsionando a demanda e permitindo que as margens fossem preservadas em várias categorias.

A produção de leite avançou especialmente no primeiro semestre, com um crescimento de 3,6% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Entretanto, no segundo semestre, condições climáticas extremas, como estiagens e ondas de calor, reduziram o ritmo de produção, principalmente nas pequenas propriedades, afetando a disponibilidade de pastagem e o conforto dos animais.

 

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Mesmo com esses desafios, o cenário de rentabilidade para os produtores permaneceu positivo. Dados do MilkPoint Mercado indicam que o indicador de receita menos o custo da ração atingiu o maior patamar do ano no terceiro trimestre, sugerindo que o setor conseguiu manter margens sólidas ao longo de 2024.

Perspectiva para 2025: Consolidação e Mudanças na Estrutura Produtiva

Para 2025, o Rabobank projeta uma continuidade na migração de pequenos produtores para outras atividades e uma concentração da base produtora em grandes propriedades. Essa tendência é impulsionada pela maior capacidade dos grandes produtores em absorver os incentivos da indústria, como pagamento por qualidade e volume. Além disso, as margens mais amplas para esses produtores possibilitam maiores investimentos em tecnologia, genética e eficiência, reforçando o desempenho e a competitividade dos grandes estabelecimentos.

Mão de obra capacitada continuará sendo um desafio para o setor em 2025, incentivando o uso de tecnologias como robôs de ordenha e sistemas automatizados que podem mitigar a dependência de trabalho humano.

Cadeia do Leite: O Cenário Internacional e seu Impacto no Brasil

No mercado global, o Rabobank prevê leves altas nos preços internacionais de lácteos, impulsionadas pela estagnação da oferta em várias regiões, incluindo China, Europa e Oceania. A demanda global, porém, deve se manter estável, com o crescimento demográfico e econômico em países do sudeste asiático sustentando as importações.

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Esse cenário externo não deve alterar substancialmente as importações brasileiras de lácteos, uma vez que o preço doméstico do leite ainda está entre os mais elevados globalmente, o que favorece a competitividade das importações, mesmo em um contexto de câmbio mais depreciado.

No mercado interno, os preços do leite devem iniciar 2025 em patamares elevados, com tendência de estabilização ou até de leve queda ao longo do ano. Esse cenário decorre do aumento na produção previsto para o segundo semestre de 2025, quando as margens elevadas devem incentivar um crescimento na oferta.

Consumo e Economia Brasileira: Expectativas de Crescimento Moderado

Para 2025, as expectativas são de crescimento econômico próximo de 1,8% e inflação em torno de 4%. Esse cenário, embora menos robusto do que nos anos anteriores, ainda deve favorecer o consumo de lácteos, uma vez que o nível de desemprego deverá permanecer baixo.

Historicamente, quando o poder de compra do consumidor melhora, o setor de lácteos se beneficia, uma tendência que deve se manter, com exceção do leite fluido (não refrigerado), que enfrenta desafios devido às mudanças nas tendências de consumo e à desaceleração do crescimento populacional.

Fatores Climáticos e Tecnológicos: Ameaças e Oportunidades no Leite

A volatilidade climática segue como um ponto de atenção para a cadeia produtiva do leite. Eventos climáticos extremos, como secas e ondas de calor, têm o potencial de impactar negativamente a produtividade. No entanto, a adoção crescente de tecnologias para manejo e genética pode ajudar os produtores a mitigar esses efeitos e manter a produtividade em 2025.

Pontos de Atenção para 2025

Alguns aspectos merecem destaque especial para o próximo ano:

  • A demanda por produtos lácteos funcionais (ricos em proteínas e sem adição de açúcares) deve crescer, impulsionando novas oportunidades no mercado.
  • desaceleração na produção chinesa pode gerar um maior equilíbrio na oferta global, o que pode beneficiar os preços internacionais.

Conclusão

A cadeia do leite no Brasil caminha para um 2025 promissor, com crescimento econômico sustentando a demanda e investimentos em tecnologia garantindo competitividade no campo. Entretanto, a concentração da produção em grandes propriedades e o desafio de mão de obra são questões centrais para o futuro do setor. Com uma oferta controlada e margens ainda favoráveis, o próximo ano promete consolidar as mudanças estruturais na cadeia do leite, enquanto o setor continua a navegar pelos desafios climáticos e tecnológicos.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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