De 2000 a 2017, a região Sul do Brasil teve um crescimento fenomenal de produção, tornando-se a maior região produtora, passando o Sudeste, que tem Minas Gerais, com folga o maior estado produtor de leite do país (gráfico 1).

O Sul cresceu a uma média de 6,0% ao ano, contra 3,2% do Brasil como um todo. Retirando o Sul, as demais regiões cresceram apenas 2,2% ao ano. O Sul, portanto, não só cresceu quase 3 vezes mais do que o restante do Brasil, como foi responsável por quase 52% do acréscimo da produção do país no período.

Gráfico 1: Crescimento da produção de leite das regiões do país (Fonte: IBGE)

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Se compararmos com a Argentina, os dados são igualmente impressionantes. De 2000 a 2017, nosso vizinho cresceu pífios 303 milhões de litros, ao passo que a Região Sul acrescentou mais de 7 bilhões de litros, ou 23 vezes mais. Hoje, o Sul produz 12 bilhões de litros, contra 10,1 bilhões da Argentina. No ano 2000, a Argentina produzia quase a mesma coisa – 9,8 bilhões – ao passo que o Sul produzia somente 4,9 bilhões. O Sul é a nova Argentinaexportando seu leite para o restante do país.

A pergunta que fica, porém, é até que ponto esse sucesso será continuado. É possível manter taxa semelhante de crescimento para os próximos anos? Esta é a pergunta de fundo do Interleite Sul 2019, que será realizado em Chapecó, Santa Catarina, nos dias 8 e 9 de maio.

Sem dúvida há espaço para crescimento, mas não sem desafios. O primeiro deles é a sucessão familiar. Propriedades pequenas evidentemente tem um limite, ainda que muito bem exploradas. Em algum momento, os filhos terão de assumir, ou adquirindo áreas (que são caras principalmente naquela região), ou aumentando a produtividade ainda mais, o que pode ser feito através da terceirização de atividades (criação de bezerras e produção de comida), ou também pela mudança no sistema produtivo, saindo das pastagens e indo para o confinamento.

Nesse sentido, nota-se um investimento maciço em compost barns, que permitem maior controle da produtividade e do manejo, bem como aumento da produtividade por vaca e por fazenda. Mas isso tem um custo: a maior suscetibilidade às nuances do mercado, tanto pelo fato de que, ao confinar, a margem de manobra do produtor diminui pelo aumento dos custos variáveis (maior dependência de silagem e concentrados), como pelo investimento estar ancorado em financiamento (dívidas).

Com isso, o perfil da produção sulina vai mudando, com custos variáveis mais altos e tendo dificuldades em momentos de baixo preço. Estará o Sul migrando de um sistema baseado em pastagens para um sistema confinado, não diferente do Sudeste e mesmo da Europa e EUA? Nesse cenário, sua vantagem de custo se manterá? São questões relevantes para se discutir.

Outro ponto relacionado à sucessão familiar é o investimento em automação. Já são quase uma centena de robôs instalados no país, a maioria no Sul. A ordenha robótica permite melhor qualidade de vida, contribui para a questão da falta de mão de obra e para o interesse dos herdeiros em permanecer, mas também incorre em comprometimentos financeiros. Não é uma solução para todos.

Por fim, a estruturação de condomínios de produção e projetos iniciais de integração (sendo exemplos as cooperativas Copacol e LAR, ambas associadas à Frimesa) sugerem que o crescimento pode vir de novas formas de associação e de otimização de custos.

Não resta dúvida que o Sul continua tendo a prerrogativa do forte crescimento, e isso tem menos a ver com as condições de produção local e mais com o fator humano. Porém, há uma mudança em curso e desafios relevantes para que taxas de crescimento chinesas se mantenham na região.

Aqueles que dedicarem 2 dias de sua agenda em 2019 para participar do Interleite Sul 2019 terão uma grande oportunidade de mergulhar nesse universo de possibilidades e sair na frente. Até lá!

Compost barn na região Sul: cada vez mais frequente

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