As 55 mil famílias produtoras de leite no Rio Grande do Sul também costumam cultivar o próprio milho para silagem, sistema de armazenamento do alimento para animais por período longo e com pouca perda nutricional.

As 55 mil famílias produtoras de leite no Rio Grande do Sul também costumam cultivar o próprio milho para silagem, sistema de armazenamento do alimento para animais por período longo e com pouca perda nutricional. No Estado, pelo menos 350 mil hectares são plantados com este objetivo.

Nas últimas duas safras, entretanto, este tipo de milho também foi afetado pela estiagem e rendeu menos em volume e qualidade. Isso tem obrigado o produtor a buscar o milho grão no mercado e afetado seus custos de produção.

O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, afirma que a entidade tem incentivado o uso de pastagens de inverno na produção de leite. Segundo ele, o milho representa 60% da alimentação das vacas, mas pode ser parcialmente substituído por outras opções da estação.

“O azevém, por exemplo, tem proteína e traz bom rendimento na produção de leite”, ressalta o dirigente, que também defende o aproveitamento de resíduos industriais disponíveis em cada região, como bagaços do processamento de frutas como a laranja, a maçã e a uva.

Buscar diminuir a dependência do milho na produção do leite e investir em tecnologias que permitam produzir o grão mesmo em condições de estiagem são, para o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, os caminhos para equilibrar os custos.

jovem ou agricultor com balde caminhando ao longo do estabulo e vacas na fazenda de gado leiteiro 1150 12776
Por: Freepik

Diferentemente dos setores de aves e suínos, no leite é possível utilizar a alimentação a pasto como alternativa à silagem”, sustenta Palharini. “Além disso, com um pequeno investimento, o produtor profissionaliza do pode ter seu milho irrigado, já que no Rio Grande do Sul a estiagem é um fator recorrente”, avalia.

Palharini observa que cooperativas do porte da CCGL já trabalham a produção leiteira com o uso de pastagens perenes. “Claro que a produção por animal vai ser menor do que com o uso da suplementação, mas o custo baixa para pelo menos a metade”, compara.

O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Eugênio Zanetti, afirma que as dificuldades em absorver o preço do milho para compor o volumoso dos animais vêm desde o ano passado, quando produtores começaram a engordar as vacas leiteiras para mandar para o abate e aproveitar o preço aquecido da carne.

“Mesmo para aquele produtor que fornece leite para alguma cooperativa e que tem ração garantida para comprar, o desembolso é dele”, ressalta. Zanetti não acredita numa grande evasão dos produtores da atividade por este motivo, mas reforça que o governo precisa oferecer crédito em situações como a atual e que a Conab deveria fazer o seu papel colocando milho dos estoques nacionais no Estado.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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