Cooperados da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), em Passos (MG), podem ter que dividir uma dívida de mais de R$ 90 milhões. A decisão foi aprovada no último domingo (6) em assembleia geral ordinária. O rateio deve ser feito entre os cerca 1,2 mil cooperados.
A crise da Casmil começou em 2007, quando uma investigação apurou a adulteração de leite. Segundo o que foi apurado, as cooperativas adicionavam soro, um sub produto da fabricação de queijo, no leite e usavam substancias químicas para que isso não fosse apontado em exames que mostram a qualidade do leite. Na época, 26 pessoas foram condenadas pela Justiça Federal por este caso.
Já em 2020 outra investigação apontou o desvio de pelo menos R$ 500 mil. A suspeita era de que o esquema permitia que a cooperativa recebesse duas vezes por uma operação. No mesmo ano, o parecer do conselho fiscal indicava uma dívida de R$ 14 milhões, mas o valor real foi descoberto por conta da auditoria.
“Em 2020, quando conselho fiscal recomenda a assembleia a aprovação dos R$ 14 milhões, que são as contas da administração, os associados que estavam reunidos na assembleia acharam muito estranho e temiam pela aprovação dessas contas, pelo fato da investigação policial que foi aberta contra a gestão administrativa. Os cooperados ansiando por saber o que realmente estava acontecendo decidiram não aprovar as contas e depois pediram uma auditoria para saber qual o real valor das perdas que foram apresentadas. A auditoria, então, conseguiu fazer o trabalho e apurou que as perdas, na verdade, são no valor R$ 90,452 milhões”, disse a advogada da Casmil, Gabriela Amorim.
O rateio entre os associados deve ser feito obrigatoriamente. Entretanto, a divisão será feita de maneira retroativa dos últimos cinco anos e também em partes diferentes, conforme a movimentação feita na cooperativa.
“Esse rateio tem que ser feito obrigatoriamente. A lei determina que o presidente, na sua função, tem que fazer o rateio quando as perdas do exercício social não são supridas pelo fundo de reserva. Quando o fundo de reserva da cooperativa não consegue suprir ele tem que ser rateado entre os associados, para que todo mundo possa ter a sua responsabilidade na sociedade. A cooperativa é como se fosse mesmo uma empresa em que os donos são os cooperados. As sobras [lucros] são creditadas para cada um e quando dá prejuízo, que seriam as perdas, elas são rateadas para todos os associados”, falou a advogada.
“Foi aprovado na assembleia um rateio retroativo dos últimos cinco anos, tendo em vista que a dívida apurada não é dos últimos dois anos, três anos. É um ajuste contábil que deveria ter sido feito há muitos anos e agora vai ser regularizado através da auditoria. Não é feito em partes iguais, pela lei, ele é feito para cada cooperado na medida das operações que são realizadas com a cooperativa. Ou seja, conforme o seu movimento, você vai ter uma responsabilidade no total geral”, completou.
O pagamento pode ser feito à vista ou parcelado. Uma outra opção, conforme a advogada, é em compras de produtos comercializados pela Casmil.