Foi num “pedacinho de terra”, como o produtor Kleber Costa Nascimento gosta de contar, que a Fazenda Conquista, na zona rural de Curvelo, trouxe um novo sentido para sua vida. Após 18 anos trabalhando como caminhoneiro, ele deixou a rotina nas rodovias para focar na paixão que o acompanha desde a infância: a agropecuária. E foi na produção leiteira, com a instrução do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Balde Cheio) que ele já colhe um aumento de 1.000% no faturamento e 600% de produtividade após trocar o caminhão pela fazenda.
“Meu pai morava na fazenda até precisar ir embora para Sete Lagoas para estudar. Lá, tocou a vida como caminhoneiro e, mais tarde, eu segui o mesmo caminho, mas a cabeça e o coração continuavam no campo”, lembrou Kleber. “Entre uma visita e outra a lazer, eu ajeitava uma coisa aqui, outra ali. E quanto mais perrengue na estrada, mais eu via como um sinal de que era chegada a hora de cuidar do legado deixado pelo meu avô”, acrescentou. O pontapé foi em 2018, quando Kleber percebeu que os investimentos e benfeitorias que estava fazendo só valeriam a pena se a propriedade gerasse renda.
A partir daí, arriscou um pouco mais: adquiriu cinco bovinos mestiços e se dedicou à formação de pastagens para alimentação do gado. Cada vez mais envolvido, em outubro de 2021 fez as malas para investir, definitivamente, na atividade leiteira em uma época de muitos desafios, já que a genética dos animais da fazenda tinha mais aptidão à cadeia produtiva de corte. Consequentemente, a produção leiteira era muito baixa, em torno de 15 litros de leite/dia. Todo o volume era destinado à fabricação de queijos e doce de leite.
A situação acendeu um alerta para que o produtor e o filho Gabriel Abner, seu principal parceiro na lida, identificassem que faltava algo a mais no caminho da evolução em produtividade e qualidade do leite. “Faltava acesso à assistência técnica profissional para que nossas escolhas em todas as etapas do processo produtivo fossem mais certeiras. Até entender mais quais as tecnologias são indicadas para o momento, conforme nossa realidade. Era difícil fazer isso sozinho”, explicou Kleber.
No caminho da evolução e da qualidade
Decidido a implementar mudanças, Kleber procurou logo o apoio do Sindicato dos Produtores Rurais da cidade e se inscreveu no programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Balde Cheio) do Sistema Faemg Senar. Desse período em diante, uma nova fase se iniciou na fazenda com as visitas periódicas do técnico de campo Diego da Rocha Caldeira Brant, que fez todo o diagnóstico produtivo e propôs ações pontuais no planejamento de forragem, plantio de canaviais e reforma de uma capineira antiga na propriedade.
O manejo dos animais também mudou, passando a ser feito duas vezes ao dia. Em um primeiro momento, as manobras ajudaram na redução do custo da produção e dobraram a quantidade diária de leite produzido que, meses depois, teve novo aumento de 600% em relação ao período inicial por causa de duas outras importantes instruções repassadas pelo técnico: melhor distribuição e uso de concentrado em alguns casos e substituição dos animais de corte por vacas e novilhas prenhas, mas, desta vez, com aptidão leiteira. “O próximo passo é trabalhar a análise do solo e correção da cultura do milho para ensilagem”, revelou Diego da Rocha.
Com isso, o produto agora também é vendido para um laticínio local. A renda bruta da família também aumentou cerca de 1.000% e o fluxo de caixa gerou um saldo nunca visto antes. De acordo com o produtor, os resultados financeiros nem de longe superam todo o conhecimento que vem adquirindo com o ATeG. “Entendemos que o termo pequeno e grande produtor não faz sentido algum quando a gestão é inadequada. Afinal, não adianta produzir de forma satisfatória se a conta não fecha”, disse.
“Tudo que aprendemos com o Diego deu mais resultado. Hoje, nossa “terrinha” está rendendo o sonho da pecuária, aos poucos, de maneira organizada. Certamente, muito em breve colheremos os frutos desse trabalho em conjunto”, complementou.
Na opinião do técnico de campo, a história de Kleber representa a de muitos produtores no contexto da sucessão familiar e, apesar da propriedade estar inserida em uma área de terras produtivas e abundância em recursos hídricos, o diferencial está nas atitudes e mentalidade do produtor.
“Ele é um empreendedor rural nato, se dedica a alcançar o máximo de efetividade com o que tem disponível. Além disso, desde o início, ele acreditou no potencial da cadeia produtiva e viu que não era possível avançar sozinho, abrindo as portas para o conhecimento. Adversidades ocorrem em qualquer atividade, mas com esse conjunto não tem como não prosperar”, concluiu Diego.
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