Trabalhar no agro é, em muitos casos, um exercício de insistência e perseverança. Geraldo Tomazi, de 61 anos, que atua na agricultura familiar em Três Barras do Paraná, na região de Cascavel (PR), apostou todas as suas fichas na produção tecnológica de leite.
Com seus dois filhos, juntou as economias para construir um galpão com uma máquina de ordenha automática.
“A gente ficou meio perdidão, sabe? E agora o que a gente faz? Foram meus filhos que me ajudaram a não desistir e a reconstruir tudo que havíamos sonhado. Dobramos o sonho”, relembra.
A família investiu cerca de R$ 250 mil nos robôs de ordenha e em tecnologias como os “coçadores de vaca”, uma espécie de escova que, segundo o pecuarista, desestressa o animal.
Sonho de família
“Meus filhos me ajudaram a não desistir”, conta o produtor Geraldo Tomazi — Foto: Theo Marques
Vestido com a camiseta de sua empresa familiar, Tomazi se mostra orgulhoso ao relatar que mantém 138 vacas lactantes da raça holandesa, que passam pela ordenha robotizada, e outras 30 na ordenha convencional. Com a tecnologia, o rendimento médio diário é de 45 litros de leite por vaca.
“Em 2014, comecei a me aventurar na pecuária de leite e comprei 12 novilhas. Agora, tenho um rebanho de 323 vacas da raça holandesa”, conta. Toda a produção é vendida à Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel). Ele conta que este ano já conseguiu o preço de R$ 2,60 por litro.
A persistência faz parte do DNA da família Tomazi. Os pais do produtor, que nasceram em São Paulo, sempre “viveram da roça”, legado que ele quer passar aos filhos. Ao vislumbrar o futuro, ele diz que quer ver os netos “ajudando na lida da terra”.
Dieta proteica
Para rentabilizar, toda a lavoura foi repensada para garantir a alimentação nutritiva do rebanho. Com soja e milho na plantação, os Tomazi têm usado os 20 hectares de lavoura para ração. Ele mistura ainda com a aveia, outra aposta para incrementar a dieta entre os meses de maio e agosto.
“Vi no cultivo de inverno uma forma de melhorar a nutrição animal. Vaca bem alimentada não fica doente e esse é meu segredo”, reitera Tomazi, que desde 2018 planta aveia em parte de sua lavoura.
A mistura proteica e cheia de fibras é adicionada ao feno — Foto: Theo Marques
O produtor descreve, ainda, que a vaca é como uma “mulher que é mãe, porque se alimenta bem saudável para alimentar os filhos, antes de ir para ordenha”.
E é assim que acontece: as vacas comem, descansam e mantêm uma rotina bem disciplinada ao se dirigirem para o robô que faz a retirada do leite.
Em fila, as vacas se preparam para entrarem cinco vezes ao dia no portão da ordenha automática. Por sensores, o portão trava a entrada do animal que passou por uma retirada de leite recente.
“Para manter o animal perfeito é preciso atenção com todos os detalhes. Alimentação, hidratação, bem-estar e a gente olhando todo dia, vigiando a tecnologia”, acrescenta o produtor.
Além do robô, Tomazi prevê economizar com outros tipos de tecnologias, como as placas solares recentemente instaladas. “Já gero energia para a propriedade e para a casa da minha família. Assim, eu conquisto sustentabilidade”.
No fundo dos galpões, a família ainda construiu uma cisterna para capturar água da chuva, o que permite o reuso do recurso.
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