ESPMEXENGBRAIND
12 mar 2025
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O financiamento obtido das gigantes de bens de consumo Mars e Nestlé será usado para avançar nas soluções e serviços agrícolas e aproximar a Fonterra do cumprimento de suas metas de redução de emissões.
Fonterra
O modelo de criação de gado leiteiro baseado em pastagens da Nova Zelândia significa que é um desafio para os fazendeiros reduzir as emissões de metano entérico apenas com a alimentação. (Imagem: GettyImages/pelooyen) (Getty Images/iStockphoto)

Em particular, as emissões do escopo 3, principalmente provenientes das fazendas leiteiras da Fonterra, representam 94% da pegada total de emissões da cooperativa. Isso significa que as soluções para minimizar o metano entérico, o óxido nitroso e as emissões de dióxido de carbono estarão em foco nos próximos anos.

No entanto, o progresso da sustentabilidade tem um custo, e a Fonterra – que tem testado várias tecnologias inovadoras, incluindo seu próprio “probiótico para vacas”, Kowbucha – não está perdendo tempo em reinvestir o financiamento obtido das duas gigantes do setor alimentício.

A partir da nova temporada, os produtores da cooperativa poderão se beneficiar de incentivos monetários adicionais por adotarem medidas de sustentabilidade nas fazendas e terão acesso a testes de soluções inovadoras, desde que os fornecedores atendam aos objetivos específicos do programa Cooperative Difference da cooperativa.

Enquanto isso, é esperado que haja um rigoroso monitoramento por parte das duas empresas.

A CEO da Nestlé Nova Zelândia, Jeniffer Chappell, reforçou essa ideia, acrescentando que a empresa está “fomentando novas oportunidades econômicas” para os produtores da Fonterra, o que se alinha com as próprias ambições da Nestlé de alcançar o net-zero.

O desafio da Fonterra: um caminho longo pela frente

O desafio para a Fonterra é que, enquanto algumas mudanças podem trazer resultados mais imediatos – como a troca do carvão por eletricidade verde para reduzir as emissões do escopo 2 – a redução das emissões nas fazendas muitas vezes depende de tecnologias inovadoras, em grande parte ainda não comprovadas, ou de práticas regenerativas de longo prazo, que podem levar anos para apresentar resultados positivos.

A parceria entre Fonterra e Nestlé, anunciada em dezembro de 2022, envolve várias iniciativas, sendo a principal delas a criação de uma fazenda conceito com emissão líquida zero de carbono, com o objetivo de ser a primeira entidade comercialmente viável desse tipo.

Metas e perfil de emissões da Fonterra

  • Emissões do escopo 1 (emissões diretas de fábricas, transporte, etc.) representam 5%.
  • Emissões do escopo 2 (indiretas, provenientes da energia utilizada) representam 1%.
  • Emissões do escopo 3 (indiretas, provenientes das atividades agrícolas) representam 94% da pegada total de GEE da cooperativa.

 

As metas aprovadas pela iniciativa Science-Based Targets (SBTi) incluem:

  • Redução absoluta das emissões de GEE dos escopos 1 e 2 em 50,4% até o ano fiscal de 2030, em comparação com os níveis de 2018.
  • Redução das emissões de GEE dos escopos 1 e 3 provenientes da produção leiteira em 30% por tonelada de leite corrigido para gordura e proteína até 2030.
  • Garantia de que 80% de seus fornecedores tenham metas baseadas na ciência até 2028.
  • Zero desmatamento, com prazo máximo até 31 de dezembro de 2025.

 

A Fonterra ainda não estabeleceu uma meta de longo prazo ou de carbono líquido zero sob o padrão Net Zero da SBTi, mas a empresa afirmou que pretende ser carbono zero até 2050.

Resultados iniciais e desafios

No primeiro ano da fazenda conceito, o foco esteve na análise dos fatores que mais impactam as emissões (como fertilizantes e tipos de ração) e no aumento da produção de leite.

Em 2024, a fazenda alcançou uma redução de cerca de 27% nas emissões absolutas e 5,5% na intensidade de emissões. No entanto, essa redução veio acompanhada de queda na produção de leite, já que o número de vacas foi reduzido de 600 para 550 e a Fonterra testou um esquema de 10 ordenhas em 7 dias em vez das tradicionais duas ordenhas diárias. Isso resultou em uma redução de até 12% na produção de sólidos do leite por vaca, levando a fazenda a retornar ao sistema convencional de duas ordenhas por dia.

A diretora de sustentabilidade da Fonterra, Charlotte Rutherford, destacou que a cooperativa tem testado diferentes ferramentas e abordagens para avaliar o que funciona e o que não funciona.

O foco para as próximas três temporadas será reduzir a intensidade das emissões em 30% até 2026/27, por meio de estratégias como:

  • Melhorias na reprodução e criação de bezerros.
  • Eficiência no uso de nitrogênio.
  • Uso de novas tecnologias.

 

Nos últimos dois anos, a fazenda utilizou sêmen sexado de vacas cruzadas nas 60% melhores vacas, com base no mérito genético, o que resultou em ganhos genéticos significativos, apesar dos desafios com as taxas de concepção.

Além disso, a parceria apoia o uso de outras tecnologias inovadoras, como:

  • EcoPond, um sistema de tratamento de efluentes que utiliza sulfato férrico para inibir o crescimento de metanogênios nos dejetos, reduzindo as emissões de metano. Desde maio de 2024, o sistema reduziu as emissões de metano do efluente tratado em 93%. A expectativa é que o tratamento da lagoa completa reduza a pegada de carbono da fazenda em 5%.
  • Silvopastoril, uma prática agroflorestal que integra árvores nas áreas de pastagem para equilibrar carbono, fornecer sombra e abrigo para o gado e minimizar impactos negativos no crescimento das pastagens.

Os planos da Nestlé e da Mars

Globalmente, a Nestlé está investindo US$ 1,35 bilhão até 2025 para avançar na agricultura regenerativa e reduzir emissões, com o objetivo de obter 50% dos ingredientes de fontes sustentáveis até 2030.

Além da fazenda conceito, a Nestlé está financiando programas para que os produtores leiteiros implementem mudanças, incluindo:

  • Melhorias na gestão da alimentação e pastagem.
  • Plantio de árvores nas fazendas.
  • Aprimoramento da eficiência da produção de leite.

 

Os primeiros 48 produtores envolvidos no projeto-piloto conseguiram reduzir 5,2% da intensidade de emissões na safra 2022/23, em comparação com a linha de base da safra 2021/22. Os dados da safra 2023/24 serão divulgados no próximo ano.

Já a Mars apoia a Fonterra nos testes com Asparagopsis, uma alga vermelha que pode reduzir as emissões de metano do gado, em parceria com a empresa australiana Seaforest.

A Fonterra afirmou que continuará investindo em pesquisas para garantir que essas soluções sejam seguras para os animais, sustentáveis para o meio ambiente e sem impacto na qualidade do leite.

Novos incentivos da Fonterra

O programa Co-operative Difference recompensará os produtores que adotarem práticas sustentáveis com pagamentos de 1 a 5 centavos por kg de sólidos do leite (kgMS), com um total de até 10 centavos por kgMS possíveis para aqueles que atenderem a todos os requisitos do programa.

 

*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷

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