Os preços do leite iniciaram 2025 em alta. Enquanto no primeiro trimestre do ano a média Brasil apurada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) foi de R$ 2,75 por litro, valor 23% superior ao registrado no mesmo período de 2024, em Minas, principal produtor, a valorização foi ainda maior, chegando a 29%, com o litro alcançando R$ 2,94.
A elevação de preços tem relação com a queda de produção nos primeiros meses do ano, que se estende até maio ou junho, e por conta da forte concorrência entre os laticínios pela matéria-prima.
Na avaliação do gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves, trata-se de um bom momento para o produtor e para a indústria. “A expectativa para o segundo semestre é de valorização da arroba e aumento sazonal da oferta de leite.
Os custos de alimentação seguem controlados, com milho em acomodação, farelo de soja competitivo e silagens de boa qualidade, além de chuvas dentro da média em grande parte das regiões.
Volume elevado de importações limita movimentos de alta mais intensos
Por outro lado, o gerente acredita que o volume elevado de importações vem limitando movimentos de alta mais intensos.
Dados da Embrapa Gado de Leite mostram que o Brasil importou o equivalente a 750 milhões de litros entre janeiro e abril de 2025 — mesmo patamar do ano anterior, mas ainda elevado. Em 2024, o total importado foi de 2,28 bilhões de litros, o que corresponde a 9% da produção nacional inspecionada.
Em meados de 2024, antes da alta no preço do boi gordo, a produção leiteira estava ainda mais atrativa, com a relação leite/arroba girando em torno de 70 litros por arroba em Minas Gerais, com maior valorização. Esse cenário incentivava a retenção de matrizes.
Já no fim do ano, com a valorização da arroba, essa relação subiu para 110 litros de leite em dezembro, voltando a 94 litros em março deste ano — ainda abaixo da média dos últimos cinco anos, que é de 105 litros por arroba.
Alves projeta ainda que, mesmo que o preço do leite se ajuste, o produtor deve manter alguma margem positiva, especialmente os mais tecnificados, que seguem ampliando a produção.
“Para os laticínios, a perspectiva de oferta consistente não deve pressionar margens, mas é necessário atenção ao cenário econômico, com expectativa de menor crescimento e inflação mais alta ao longo do ano”, observa o gerente.