Registros de defensivos cresceram 14% em relação a 2020. Aprovações vêm aumentando desde 2016.

O Brasil encerrou 2021 com 562 agrotóxicos liberados, maior número da série histórica iniciada em 2000 pelo Ministério da Agricultura. Ainda em dezembro, o total de aprovações já tinha superado o recorde de 2020.

As últimas liberações de 2021 foram publicadas em janeiro no Diário Oficial da União (DOU).
O volume foi 14% superior ao de 2020, quando 493 pesticidas foram autorizados. Os registros vêm crescendo ano a ano no país desde 2016.
Por que a produção de alimentos depende tanto de agrotóxicos?

Dos 562 agrotóxicos liberados em 2021, 33 são inéditos (5,9%) — químicos ou biológicos — e 529 são genéricos (94,1%), ou seja, são “cópias” de matérias-primas inéditas — que podem ser feitas quando caem as patentes — ou produtos finais baseados em ingredientes já existentes no mercado.

De todos os defensivos liberados ao longo do ano, 92 são biológicos (16,4%). Pela legislação brasileira, tanto esses produtos, utilizados na agricultura orgânica, quanto os químicos, aplicados na produção convencional, são considerados agrotóxicos.

Inéditos

Dos 33 produtos inéditos aprovados em 2021:

  • 8 são princípios ativos químicos novos: estes são liberados apenas para as indústrias que, dali para a frente, podem usá-los para fabricar novos agrotóxicos. São chamados pelo ministério de produtos técnicos.
  • 12 são produtos finais químicos: estes são os que chegam às lojas para uso dos agricultores. São chamados pelo ministério de produtos formulados;
  • 13 são biológicos: são produtos de baixo impacto, formulados, por exemplo, à base de organismos vivos, como bactérias, plantas e insetos. Muitos são usados na agricultura orgânica.

Em nota, o Ministério ressaltou que a aprovação do produto formulado tem um trâmite diferente do produto técnico. “De forma alguma, a aprovação do produto técnico implica na autorização tácita para produção do formulado”, acrescentou.

Princípios ativos químicos novos

Halauxifen-metil
Função: herbicida usado para controle de plantas daninhas na cultura de soja como a buva (Conyza bonariensis) e o capim amargoso (Digitaria insularis);
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto perigoso;
EUA: Tem registro;
União Europeia: Tem registro.
 
Ciclaniliprole
Função: Inseticida usado para fabricar produtos que combatem lagartas nas lavouras de algodão, milho, soja;
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto muito perigoso;
EUA: Tem registro;
União Europeia: Não é aprovado.

Oxatiapiprolim
Função: Fungicida usado para fabricar pesticidas usados em culturas como batata, alho, cebola, tomate, alface;
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto perigoso;
EUA: Tem registro;
União Europeia: Tem registro.
 
Fenpropimorfe
Função: Fungicida usado nas culturas do algodão, banana, cevada, soja e trigo;
Classificação toxicológica (Anvisa): Produto pouco tóxico;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto muito perigoso;
EUA: Registro em revisão;
União Europeia: Não é aprovado.

Segundo o Mapa, já há produto formulado desse ativo registrado há muito tempo sem o produto técnico. Portanto, não é molécula nova no Brasil, mas é o primeiro produto técnico desse ativo.

Ametoctradina – (Ainda não há produto formulado com essa substância)
Função: Fungicida para controle da requeima da batata;
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto perigoso;
EUA: Tem registro;
União Europeia: Tem registro;

Isofetamida
Função: Fungincida usado para o controle de mofo-branco e mofo-cinzento;
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto muito perigoso;
EUA: Tem registro;
União Europeia: Tem registro.

Impirfluxam – (Ainda não há produto formulado com essa substância)
Função: Fungicida para controle da ferrugem asiática da soja, principal doença da cultura;
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto muito perigoso ao meio ambiente;
EUA: Registro pendente;
União Europeia: Registro pendente.
 
Mefentrifluconazol – (Ainda não há produto formulado com essa substância)
Função: Fungicida usado em diferentes culturas como soja, milho, algodão, arroz, banana, citros, melão, soja, tomate , uva, entre outras.
Classificação toxicológica (Anvisa): Não classificado;
Potencial de periculosidade ambiental (Ibama): Produto muito perigoso ao meio ambiente;
EUA: Registro pendente;
União Europeia: Tem registro.

Como funciona o registro
O aval para um novo agrotóxico no país passa por 3 órgãos reguladores: Anvisa, que avalia os riscos à saúde; Ibama, que analisa os perigos ambientais; e o Ministério da Agricultura, que analisa se ele é eficaz para matar pragas e doenças no campo. É a pasta que formaliza o registro, desde que o produto tenha sido aprovado por todos os órgãos.

Tipos de registros de agrotóxicos:

Produto técnico: princípio ativo novo; não comercializado, vai na composição de produtos que serão vendidos.

Produto técnico equivalente: “cópias” de princípios ativos inéditos, que podem ser feitas quando caem as patentes e vão ser usadas na formulação de produtos comerciais. É comum as empresas registrarem um mesmo princípio ativo várias vezes, para poder fabricar venenos específicos para plantações diferentes, por exemplo;

Produto formulado: é o produto final, aquilo que chega para o agricultor;

Produto formulado equivalente: produto final “genérico”.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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