A produção do leite foi uma das mais trabalhadas pela Cravil junto aos produtores e profissionalizar o alimento foi um desafio por vários motivos: não era tão atrativo financeiramente falando, tinha alto custo, havia a dificuldade na pastagem, no clima e até na condição do gado.
No começo, o leite era praticamente uma produção para troca, consumo e para vendas locais, em pouca quantidade. Mas, ainda assim, quase todo produtor tinha suas vacas de leite. Tanto que quando Cravil foi fundada, em 1971, percebeu que o leite tinha muito potencial, desde que profissionalizado.
Quatro anos mais tarde, em 1975, a Cravil passou a receber a produção de leite no município de Presidente Getúlio. De lá, ela era encaminhada para a indústria coirmã em Itajaí. Com o avanço da tecnologia e a entrada das ordenhadeiras, houve um aumento significativo na produtividade, o que deixou a cooperativa, logo no início dos anos 1980, em um lugar de destaque.
“- Passamos a ser no Alto Vale a maior bacia leiteira de Santa Catarina, através dos nossos associados e das matrizes leiteiras da raça Jersey de alta qualidade”, relembra Harry Dorow, contou o Presidente da Cravil.
Raul Marcola, técnico em agropecuária e atuante direto na área de leite e pastagens na cooperativa, também conta que nas propriedades o leite era tocado pelas mulheres – e que ainda hoje são -, mas na época, não era uma prioridade econômica das famílias.
Em 1985, a Cooperativa contava com mais de 5 mil produtores de leite, produzindo entre 30 e 50 mil litros por mês. Atualmente, são pouco mais de 120, com uma produção mensal que gira em torno de 40 mil litros/mês.
Como se deu a profissionalização
Em 1990 é definido o primeiro marco do leite para a Cravil e os produtores. A tecnologia já estava presente e o Alto Vale já era referência, mas a economia estava abalada, por isso a profissionalização do setor foi tão importante.
Nessa época foi iniciada a importação de gado de leite com as Holandesas e também os trabalhos de genética.“- Nessa época, vacas que produziam 7 ou 8 litros por dia eram grandes vacas, hoje as médias giram em torno de 20 a 40 litros por dia, então a evolução de alimentação do rebanho com pastos de melhor qualidade foi grande, assim como o bem-estar do rebanho melhorou muito” – revela Raul Marcola.
A partir desse momento de profissionalização, o número de produtores diminuiu, porém, a produção e a qualidade do leite aumentaram significativamente. Ao longo do tempo, alguns aderiram ao sistema de produção com criação de vacas em confinamento, alternativa encontrada por quem queria aumentar a produção, mas a propriedade já não suportava o crescimento da atividade a base de pasto. Considerado um investimento alto, a migração exigiu planejamento e tecnificação ainda maior dos produtores.
Jair Berkembrock, produtor de Rio do Oeste, começou na atividade há cinco anos e destaca a experiência: “Nós partimos para o gado confinado com a intenção de minimizar a mão de obra em virtude da grande quantidade de animais, hoje são mais de 250 vacas. O controle com o animal mais perto é muito melhor de se fazer”. Ele também ressalta que a saúde dos animais também melhora muito, diminuindo o descarte.
Genética, alimentação, saúde, bem-estar e planejamento, a produção de leite passou a ser uma atividade cada vez mais exigente e o produtor que ficou na atividade precisou acompanhar toda essa evolução.
“- Hoje o produtor não perde tempo, busca genética aqui, desenvolve pastagem lá, cuida do bem-estar, da saúde dos animais e está sempre de olho na produção e na rentabilidade” – destacou o associado de Presidente Nereu, Ederson Resini.
A Cravil tinha, até a década de 90, três postos de recebimento de leite, além de pontos de recolhimento em Presidente Getúlio, Taió e Aurora. Atualmente, a Cooperativa tem em funcionamento apenas a Unidade de Recebimento de Leite de Aurora.
Projeto Balde Cheio
Um dos projetos de incentivo aos associados que tem o leite como atividade, é o Balde Cheio, programa em parceria com a Embrapa, que tem como diferencial a produção de leite a base de pasto, além do acompanhamento frequente por um técnico e utilização de novas tecnologias. O trabalho, que prevê o gerenciamento total da propriedade leiteira, é desenvolvido pela Cravil na região há 15 anos.
Joel Weiss, associado de Ituporanga, entrou no programa em 2009, saiu do plantio da cebola para a produção de leite: “A gente não tinha conhecimento nenhum, então fomos conhecer algumas propriedades e decidimos implantar o Balde Cheio aqui e deu muito certo” – destaca. O associado que iniciou a atividade com 10 vacas Jersey e 30 litros de leite dia, hoje conta com 30 animais e uma média que ultrapassa os 300 litros de leite/dia.
O médico veterinário da Embrapa Pecuária Sudeste, Marco Aurélio Bergamaschi, que acompanha a Cravil e os produtores desde o início da parceria, ressalta que a melhora nas propriedades é vista na produção, produtividade e qualidade do leite, aspectos esses todos importantes para a atividade. Desde o início no programa Balde Cheio, o produtor de Rio do Oeste, Vanderlei Moser, hoje abre a propriedade para visitas técnicas e demonstrativas.
“- Decidi entrar no programa para seguir rumo ao leite na nossa propriedade, aí aprendemos a desenvolver a pastagem com irrigação, a pensar no bem-estar animal e cultivar um ambiente natural. Recebo outros produtores aqui para falar sobre pastagem e gestão, discutimos questões como piquetes, melhoria do pasto, gestão e administração da produção com o registro das atividades” – explica o produtor.
Acompanhamento técnico e profissional
Além do acompanhamento técnico voltado à produção de pastagem e qualidade do leite, a Cravil investiu nos últimos anos na assistência profissional para o controle reprodutivo do rebanho.
“- O objetivo é que cada fêmea do rebanho tenha um terneiro por ano. Por meio de manejos básicos, já conseguimos bons resultados em diferentes propriedades: concentrando nascimentos, antecipando o intervalo parto-nova concepção. A fêmea lactante, emprenhando e concebendo uma vez ao ano, garante que alcance a expressão máxima de produção de leite, o que significa mais rentabilidade ao produtor” – explica o médico veterinário da cooperativa, Marcus da Silva.
Esse era um assunto que muito se discutia entre os produtores de leite, que sempre destacavam a necessidade de uma assistência veterinária.
“- Isso é interessante porque até então, mesmo com o controle de toda a atividade, a reprodução o produtor não domina. Por exemplo, se a pastagem tiver muita proteína, a vaca não entra em cio e isso a gente não tinha como saber. Então com a vinda do veterinário, fizemos a avaliação do plantel, realizamos a vacinação correta, tomamos as providências e hoje tenho certeza que me beneficiei com isso, pois é muito difícil ter uma vaca vazia hoje. É uma parceria que dá muito resultado, é um incremento de produtividade que antes a gente não dava a devida atenção” – ressalta o produtor Vanderlei Moser.
Do produtor ao consumidor
Na cidade de Aurora, onde funciona a unidade de recebimento de leite da cooperativa, a estrutura opera com uma plataforma de resfriamento para receber o alimento, que é devidamente analisado com modernos critérios de pureza e qualidade, antes de seguir para as indústrias de leite. São milhões de litros de leite recebidos anualmente pela Cravil, uma marca que coloca a cooperativa entre as mais atuantes de Santa Catarina no mercado.
“- É feito um trabalho intenso pela equipe técnica da Cravil junto aos produtores para atender as exigências legais e instruções normativas definidas pelo Ministério da Agricultura, sempre no quesito qualidade” – destaca Moacir Warmling, gerente Operacional da cooperativa.
Para saber mais sobre a Cravil e o trabalho que a cooperativa exerce no Estado, aproveite e acesse o site: www.cravil.com.br.