Novembro trouxe pautas ligadas principalmente a duas questões centrais: as eleições norte-americanas e o acordo comercial asiático (RCEP).
Mas, afinal, quais pontos podem pressionar o mercado brasileiro?
Em 3 de novembro, o democrata Joe Biden foi eleito 46o. presidente dos Estados Unidos da América. Sua eleição abriu espaço para indagações que afetam o Brasil, principalmente a respeito da relação EUA e China, estremecida durante no governo Trump, resultando na Guerra Comercial vigente.
Além da relação EUA x China, pautas globais associadas ao clima e a matrizes de energia sustentáveis ou relacionados a questões ambientais, como o desmatamento ilegal na Amazônia, podem compor a agenda norte-americana, refletindo em terras brasileiras.
Somado às eleições norte-americanas, a China, principal importadora de commodities brasileiras, fez parte de um acordo comercial entre países asiáticos e da Oceania, assinado em 15 de novembro, cujas negociações demoraram oito anos. Denominado Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), o acordo demonstra a organização asiática para diminuir a dependência externa da região.
A RCEP reunirá 2,1 bilhões de consumidores e 30% do PIB mundial. Os países que compõem o bloco são: China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia, juntamente com os dez países que compõem a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) ―Indonésia, Tailândia, Singapura, Malásia, Filipinas, Vietnã, Myanmar, Camboja, Laos e Brunei (figura 1).
Figura 1. Países que aderiram à Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP).
Fonte: Domínio público.
O acordo dá ênfase a questões tarifárias entre os países membros do bloco, eliminando-as sobre mais de 90% dos bens comercializados entre os membros.
A RCEP reduz tarifas e estabelece regras em cerca de 20 áreas comerciais, além de eliminar impostos sobre 61% das importações de produtos agrícolas e pesqueiros da Asean, Austrália e Nova Zelândia, juntamente com 56% da China e 49% da Coreia do Sul.
A vitória de Joe Biden e a abrangência do RCEP trouxeram impactos para o mercado brasileiro, principalmente quanto às questões cambiais. A moeda norte americana caiu 6,3% e arrefeceu os preços das principais commodities brasileiras (figura 2).
Pontos que devem ser acompanhados: a disputa comercial EUA e China, benéfica para o mercado brasileiro em 2020, não pode ser declarada resolvida com a entrada de Joe Biden, mas o democrata deve resgatar a liderança norte-americana no cenário global.
O Brasil tem sido acusado de negligenciar medidas protetivas no contexto de mudanças climáticas e o anunciado retorno dos EUA, por Joe Biden, ao acordo de Paris, principal acordo mundial sobre mudanças climáticas, mostra que essa será uma das pautas fundamentais nos próximos anos.
A RCEP trata em seu âmago de questões tarifárias, porém, o avanço em outras questões – principalmente relacionadas a questões sanitárias e de sustentabilidade – não pode ser descartado.
Figura 2. Preços das principais commodities brasileiras em novembro x cotação do dólar.
Fonte: Scot Consultoria
As políticas internacionais são importantes para o Brasil, e preservá-las é importante.
Possíveis impactos nos sistemas de produção nacional, tendo em vista as demandas internacionais, deverão aumentar e, nesse sentido, fazer o Código Florestal funcionar é, por exemplo, uma medida positiva.
A diplomacia será fator essencial na estabilidade de relacionamento, seja quanto ao governo chinês ou ao governo norte-americano.
Esse e outros pontos foram discutidos no Encontro de Analistas da Scot Consultoria, em 27 de novembro. Confira aqui o relatório de tendências do que foi discutido no Encontro.
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