A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, na terça (31) pela manhã, na sede da entidade, um encontro com parlamentares, representantes de entidades, Federações estaduais de agricultura e pecuária, sindicatos rurais, cooperativas e produtores rurais para debater a situação do setor lácteo.
O café da manhã na sede da entidade serviu de preparação para o 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, que acontece também na terça (31), na Câmara dos Deputados.
Parlamentares ligados ao setor agropecuário, representantes do setor leiteiro e caravanas de produtores de várias regiões do país discutiram ações e medidas, que serão reivindicadas junto ao governo federal, para minimizar os efeitos adversos que os produtores enfrentam com os baixos preços pagos pela matéria-prima e pelas importações excessivas de leite em pó subsidiado, principalmente da Argentina.
O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, disse que são necessárias soluções rápidas contra práticas desleais de comércio para evitar danos maiores e mais sérios à atividade leiteira e aos produtores brasileiros.
“Estamos falando de um setor que está presente em 98% dos municípios brasileiros. Os produtores, pequenos, médios e grandes, precisam de competitividade e fechar a conta no azul. Precisamos de uma solução rápida, muito rápida”, afirmou de Salvo.
A presidente da Frente Parlamentar em apoio ao Produtor de Leite (FPPL), deputada Ana Paula Leão (PP-MG), disse que a pecuária leiteira tem mais de 1,1 milhão de produtores e emprega mais de quatro milhões de pessoas, reforçando a importância de o segmento ser respeitado e ouvido pelo governo.
“Tem mais de seis meses que estamos conversando, mas precisamos de mais agilidade porque o produtor não está aguentando. A situação se agrava a cada dia e a angústia é muito grande porque eles estão perdendo tudo”, relatou.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), também reforçou as tentativas de diálogo junto ao governo. No entanto, ressaltou, as medidas adotadas até agora, como a compra de leite pelo governo para tirar o produto do estoque e tentar recuperar os baixos preços, “ainda não foram sentidas pelo produtor na base”. Lupion também propôs que uma das soluções imediatas seja o fechamento das importações do leite subsidiado da Argentina.
O assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Guilherme Dias, apresentou dados que mostram os impactos negativos das importações o leite em pó importado e subsidiado da Argentina. Segundo ele, a partir de abril de 2022, as importações aumentaram 370%, se mantendo acima de 150 milhões de litros por mês. A estimativa para outubro deste ano é de que supere os 200 milhões de litros. Ele explicou que 98% do leite importado pelo Brasil vem da Argentina, Uruguai e Paraguai.
Dias mostrou também que, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil importou 1,5 bilhão de litros superando todo o volume internalizado de 2022. Desta forma, completou, se as importações seguirem o ritmo atual, devem superar dois bilhões de litros em 2023, volume recorde.
“As importações vêm deprimindo o mercado interno em plena entressafra. Enquanto a gente tem um comportamento típico de aquecimento dos preços na entrada do inverno, quando a produção de leite diminui, se considerarmos os dados do campo Futuro produzidos pela CNA, tivemos uma queda em 12 meses de 28% na receita, comprimindo a margem não apenas do grande, mas do pequeno e do médio que são a imensa maioria da nossa base”.
Outros participantes do encontro defenderam mais agilidade nas medidas adotadas pelo governo federal para ajudar o setor leiteiro e a união para cobrar mais agilidade do Executivo para evitar que muitos produtores rurais não abandonem a atividade.
Estiveram presentes os deputados Diego Andrade (PSD-MG), Zé Vitor (PL-MG), Dr. Luiz Ovando (PP-MS), Maurício do Vôlei (PL-MG), Marussa Boldrin (MDB-GO), Tião Medeiros (PP-PR) e Rafael Pezenti (MDB-SC).
Também participaram da reunião o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, o vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de leite da CNA, Jônadan Ma, o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, e o coordenador da Câmara do Leite do Sistema OCB, Vicente Nogueira.
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