As estatísticas oficiais confirmam o que os produtores de leite não se têm cansado de afirmar: o sector do leite tem vindo a ser esmagado por custos altos e preços baixos, mesmo antes da pandemia.
/ Governo dos Açores

Entre 1999 e 2019 o número de explorações leiteiras caiu 90,7% no Continente e 52,5% nos Açores segundo um relatório da subcomissão dedicada ao leite e produtos lácteos. No conjunto, a queda foi de 84,7%.

Segundo o relatório, havia em Portugal, em 1999, 32 545 explorações leiteiras, 27 426 das quais no Continente e 5119 nos Açores. Em 2019 foram recenseadas apenas 4978 explorações, sendo 2550 no Continente e 2428 nos Açores.

Os números foram apresentados nesta quinta-feira e constam de um documento discutido este mês entre o Ministério da Agricultura e a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), informa a agência Lusa.

As milhares de explorações desaparecidas foram sobretudo de produtores com até 30 animais, tanto no Continente como nos Açores, e de produtores entre 30 e 100 animais, no Continente. Em sentido contrário, o relatório refere «um forte aumento na classe acima de 100 animais, tanto no Continente como nos Açores», indiciando uma forte concentração da propriedade no sector.

O documento refere um decréscimo de 11,8% de efectivos (número de animais) entre 2009 e 2019, «impulsionado por um recuo de 19,3% no Continente».

Apesar de não haver ainda números estatísticos para o período da pandemia, os produtores leiteiros têm repetidamente alertado para a grave situação vivida no sector e a necessidade de medidas que a contrariem.

Em Setembro de 2021 a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) dava conta da subida do preço dos combustíveis, da electricidade e da alimentação animal, e dos seus efeitos na competitividade e no rendimento dos agricultores. Alertava também para que a escalada dos preços forçaria mais agricultores «a reduzir ou a abandonar a produção», levando ao aumento da dependência alimentar do País em produtos essenciais para a população.

No mesmo mês, a União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro denunciava a «grave situação» vivida no sector do leite, exigia medidas urgentes, como a fixação do preço, e contestava a redução das ajudas da PAC.

Em Novembro de 2021 a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) alertava para o facto de que, devido ao aumento dos custos de produção, se estar a atingir o ponto de «ruptura», e que o abastecimento regular de leite fresco está em risco [ver caixa].

Segundo o relatório acima mencionado, o preço médio do leite em Portugal fixou-se em 29,98 euros por 100 quilogramas em 2021, isto é, 15% abaixo dos preços praticados em média na União Europeia (UE), que foram de 35,47 euros por 100 quilogramas.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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