ESPMEXENGBRAIND
14 jun 2025
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14 jun 2025
Atividades em salões, exemplares nas pistas, visitas a diferentes estabelecimentos e a presença de representantes de diversos países foram as características da Mercoláctea, o evento que reuniu na Rural do Prado produtores, industriais, comerciantes de insumos, profissionais e o público em geral.
Mercoláctea
A raça Holandesa em destaque na Mercoláctea 2025: genética, produtividade e tradição em evidência no coração da pecuária leiteira uruguaia.

Consultados os presidentes das sociedades de criadores das três raças leiteiras, todos avaliaram positivamente a Mercoláctea e detalharam em que cada uma está trabalhando.

Normando, a raça de duplo propósito do país

Apaixonada pela criação da raça a tal ponto que, nos últimos anos, após vender seu rebanho, decidiu voltar à atividade e reestruturou sua cabanha, a presidente da Sociedade de Criadores de Normando do Uruguai, Isabel Chiarino, avaliou de forma muito positiva a segunda edição da Mercoláctea, realizada no último fim de semana em Montevidéu.

Ela destacou a participação de mais de 550 jovens nas olimpíadas estudantis, nas quais receberam uma palestra informativa sobre as características produtivas da “única raça de duplo propósito do país”.

Além disso, uma delegação peruana acompanhou de perto o desenvolvimento e o avanço genético dos animais. Durante a exposição, mais de 15 animais de cinco cabanhas uruguaias passaram pela pista, com destaque para 10 vacas em lactação que demonstraram avanços genéticos em produtividade e desenvolvimento do úbere.

Desde 2004, a raça Normando vem experimentando um desenvolvimento genético que a posiciona para ser incorporada a “qualquer estabelecimento leiteiro do país”. Uma das características do leite dessas vacas é o alto percentual da variante B da kappa caseína (82%), o que o torna especialmente apto para a produção de queijos.

Sendo um animal de duplo propósito, também apresenta bom desempenho na produção de carne, seja de forma pura ou por meio de cruzamentos com outras raças de corte presentes no país.

Para Chiarino, a baixa representação da raça nas exposições do país não reflete o forte crescimento do rebanho. No entanto, existe uma alta demanda por fêmeas, que supera amplamente a oferta.

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Curiosamente, a novilha reservada grande campeã da seleção Normanda nesta Mercoláctea foi o prêmio recebido pelo grupo de estudantes vencedor do concurso na Expo San José do ano passado.

Para aprimorar seus conhecimentos e trocar experiências com outros sistemas de produção, uma delegação composta por 14 produtores visitou a Colômbia, considerado o segundo país mais importante para a raça no mundo.

Entre as características da raça Normando, destacam-se a adaptabilidade e rusticidade. Chiarino explicou que a produção das vacas não é fortemente impactada por mudanças climáticas intensas ou pela transição de uma alimentação em pastagens para campo natural.

A sociedade conta com mais de 40 associados, embora nem todos tenham rebanhos leiteiros.

80 anos da Criadores de Holandês

Em seus 80 anos de existência, a Mercoláctea 2025 teve um significado especial para a Sociedade de Criadores de Holandês do Uruguai. Também se comemoraram 80 anos da tradicional exposição que antes era realizada em Florida e agora passou a integrar este evento.

Na ocasião, foi organizado o 17º Congresso Holstein das Américas com a participação de 11 delegações do continente, dos Estados Unidos ao sul.

O presidente da raça Holandesa, Mauro Caorsi, afirmou ao La Mañana que trata-se de uma atividade muito interessante que reúne produtores, fornecedores, indústrias e as três sociedades de criadores de gado leiteiro do país.

Sobre o aniversário marcante, destacou que a raça “segue mais atual do que nunca” e continua sendo a mais representativa, não apenas no Uruguai, mas em todo o mundo.

Ele enfatizou que a instituição tem trabalhado intensamente para desenvolver vacas cada vez mais produtivas e saudáveis, “que emprenhem todos os anos, que tenham bons níveis de sólidos, baixa incidência de células somáticas e doenças”.

Ressaltou exemplos de vários países onde o conforto animal é essencial para alcançar maior produtividade.

Após duas visitas técnicas a estabelecimentos leiteiros, as delegações estrangeiras ficaram positivamente surpresas com “o nível do gado Holandês no Uruguai”. Caorsi comentou que “sempre nos vemos pior do que realmente somos”.

Atualmente, a Sociedade de Criadores de Holandês conta com 300 sócios e identifica entre 15 mil e 20 mil animais por ano em seus registros genealógicos de qualidade. Apesar de esse número ser relativamente estável, as autoridades pretendem aumentar em 10 mil a 12 mil animais por ano.

Mesmo assim, Caorsi considera que a instituição está em melhor situação do que outras no continente, onde o percentual de registro é muito menor. Há alguns meses, passaram a utilizar um novo software de avaliação em conjunto com a Associação de Criadores de Holandês da Argentina.

Sobre o futuro da pecuária leiteira, Caorsi afirmou que é promissor, pois o mundo precisa de alimentos e, apesar de algumas mensagens contrárias ao consumo desses produtos, “a carne e o leite são insubstituíveis”.

Demonstrou preocupação com a redução do número de produtores médios e pequenos e o crescimento de grandes operações. Destacou, porém, que esse não é um fenômeno local, mas sim global.

A evolução da raça Jersey no Uruguai

A Jersey também teve sua celebração nesta Mercoláctea ao estabelecer o Uruguai como sede do Terceiro Fórum Latino-Americano da raça. Tanto nas atividades de salão quanto nas pistas foi possível observar a evolução genética do rebanho nos últimos anos.

Durante o evento, os participantes visitaram em dois dias o Campo Longley da família Dickinson, La Rosa Blanca de Bosque Frondoso S.A. de Tenca e Echeverría, e o Venado Encantado de Cecilia Gallinal e Filhos. Essas visitas fazem parte de uma aposta da gremial para mostrar as qualidades da raça e promover a troca de conhecimentos entre seus integrantes.

Além dessas visitas, que agora ocorrem anualmente, as principais cabanhas da raça participam de diferentes exposições, com destaque para a Expo Prado, San José e Paysandú, e em algumas edições da Expo Durazno e Melilla.

Embora a Sociedade de Criadores de Jersey conte com 34 associados, há um número maior de produtores que utilizam essa raça em seus sistemas de produção. Seu presidente, Sebastián Perrachón, afirmou que entre as metas da gremial está fomentar vacas funcionais, de tamanho moderado “mas que não extrapolem”.

Ele também destacou a importância de animais largos, compridos e que consigam transformar grandes volumes de matéria seca em sólidos. Ressaltou que todos esses objetivos não devem negligenciar a principal característica da raça: a eficiência na conversão de matéria seca em gordura e proteína.

Para ele, isso é fundamental para alcançar boa rentabilidade e para que os fretes transportem mais sólidos e menos litros de água.

Na sua visão, uma das principais causas do fechamento de tambos está relacionada à escassa renovação geracional. Ele garantiu que os tambos não são um setor atrativo para os jovens e que há dificuldades em encontrar mão de obra para essas atividades.

Quanto ao futuro da leiteria, Perrachón apontou que a tecnificação será determinante para o desenvolvimento do setor.

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