Estamos extrapolando o valor nutricional característico: é uma outra bioquímica, que é a do nutriente associado a um ganho adicional para boas condições de saúde dos ossos e dos sistemas nervoso, imune e cardiovascular”, detalhou o palestrante.
Outro tema abordado no congresso na área da saúde foi a evolução dos conhecimentos quanto à ação da gordura do leite no organismo com apresentação de uma série de estudos trazendo aspectos positivos da ingestão de gordura saturada, considerada “um dos temas mais controversos e mais polêmicos na história da nutrição humana de forma geral” pelo pesquisador Marco Antonio Sundfeld da Gama, que atua há 18 anos na Embrapa Gado de Leite com foco em nutrição e metabolismo de vacas leiteiras, manipulação da composição da gordura do leite de ruminantes e avaliação das propriedades funcionais dessa gordura em animais e humanos.
Zootecnista, mestre em Nutrição Animal e doutor em Ciência Animal e Pastagens, com pós-doutorado em Ciência Animal, Marco Antonio introduziu o assunto mencionando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para substituir gorduras saturadas por poli-insaturadas, no entanto, ponderou, que é preciso levar em consideração as matrizes alimentícias, pois, enquanto um óleo vegetal tem de 10 a 12 tipo de ácidos graxos, o leite possui mais de 400, correspondendo de 60% a 70% das gorduras totais.
“A ciência moderna sabe que os ácidos graxos saturados não são iguais: há os de cadeia curta, como o ácido butírico, média, como o palmítico, e longa. Tem também de cadeia par ou ímpar, linear ou ramificada, com efeitos biológicos muito diferentes”, frisou o palestrante. Dentre os trabalhos destacados por Marco Antonio está Whole-Fat or Reduced-Fat Dairy Product Intake, Adiposity, and Cardiometabolic Health in Children: A Systematic Review, em que não foi constatado que a gordura do leite ou de produtos lácteos ricos em gordura contribuem para a obesidade ou risco cardiometabólico, inclusive o consumo de lácteos dentro dos padrões dietéticos normais é inversamente associado ao risco de obesidade.
Sobre o Ital
Localizado em Campinas/SP, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) realiza pesquisa, desenvolvimento, assistência tecnológica e difusão do conhecimento nas áreas de embalagem e de processamento, conservação e segurança de alimentos e bebidas.
Fundado em 1963, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, o Ital possui unidades técnicas especializadas em carnes, produtos de panificação, cereais, chocolates, balas, confeitos, laticínios, frutas, hortaliças e embalagens, sendo certificado na ISO 9001 com parte dos ensaios acreditados na ISO/IEC 17025.
Por meio do Centro de Inovação em Proteína Vegetal, do Núcleo de Inovação Tecnológica e da Plataforma de Inovação Tecnológica, o Ital estimula alianças estratégicas para inovação e projetos de cooperação. Possui ainda Programa de Pós-Graduação aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).