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8 maio 2025
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Pioneira na produção de leite a partir das células de mamíferos, startup de Cingapura expande negócios com foco em ampliar receita este ano. Brasil é um dos próximos mercados alvos da biotech.
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Fengru Lin, fundadora e CEO da Turtle Tree — Foto: Divulgação/Arte Época NEGÓCIOS

Em 2019, uma startup de Cingapura chamou a atenção do ecossistema mundial ao ser a primeira empresa no mundo a produzir leite a partir das células de mamíferos (vacas, cabras e ovelhas), sem precisar pisar em uma fazenda.

Utilizando tecnologias que permitem a extração, a cultivação e o estímulo para que essas células produzam leite em biorreatores gigantes, a Turtle Tree atua com a missão de mudar o futuro dos alimentos e bebidas ao produzir ingredientes mais saudáveis, sem prejudicar o planeta e os animais.

Quem está por trás do negócio é Fengru Lin, de 37 anos. Formada em Sistemas da Informação e Marketing pela Singapore Management University, antes de fundar a startup, a jovem acumulou grande experiência em vendas e desenvolvimento de negócios em empresas como Google e Salesforce.

Segundo ela, a ideia para criar a Turtle Tree surgiu após um novo hobby não ter dado muito certo. Em 2018, decidiu ir para Nova York aprender a fazer queijo, já que em Cingapura não havia produção alimento e nem de leite fresco.

“Percebi que não era muito boa em fazer queijo, então desisti da ideia. Mas essa experiência abriu meus olhos para os desafios do sistema alimentar, da agricultura, e como isso afeta a qualidade do leite que consumimos”, diz Lin em entrevista a Época NEGÓCIOS.

Segundo Lin, ela escolheu a tartaruga e a árvore (na tradução literal) por ambos simbolizarem a longevidade.

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Ganhando escala

O primeiro passo da startup rumo à expansão e escalabilidade foi dado em 2021, com a abertura de um centro de pesquisa em West Sacramento, na Califórnia.

O movimento ocorreu após a empresa levantar uma série A de US$ 30 milhões liderada pela Verso Capital – a Turtle já havia obtido um total de US$ 9,4 milhões somando um investimento seed e uma pré-série A.

O espaço de mais de 2 mil metros quadrados foi projetado para levar os produtos exclusivos da Turtle Tree ao mercado e abrir oportunidades com a comunidade local.

Após 18 meses de extensa pesquisa e desenvolvimento, a companhia anunciou oficialmente a produção de LF+, a primeira lactoferrina produzida de forma sustentável no mundo, feita com tecnologia de fermentação de precisão de ponta.

Esse tipo de proteína é encontrada no leite de vaca, sendo estruturalmente semelhante àquela encontrada no leite humano.

Laboratório de fermentação de precisão da Turtle Tree na Califórnia — Foto: Divulgação
Laboratório de fermentação de precisão da Turtle Tree na Califórnia — Foto: Divulgação

A fermentação de precisão é um processo de última geração que usa hospedeiros que abrigam microrganismos para a produção em massa de ingredientes. Segundo Lin, é a mesma tecnologia que hoje é usada para produzir insulina para diabéticos.

Em comparação com os métodos tradicionais, ela oferece eficiência e volume muito maiores, permitindo a produção viável em escala comercial.

O lançamento comercial do LF+ foi feito em 2023. Além dos EUA, Europa e China são grandes mercados para a Turtle Tree. Lin também está de olho na América Latina e adianta que, em dois anos, pretende expandir as vendas para o Brasil junto a parceiros locais.

“O Brasil é um mercado realmente importante para nós. Temos alguns potenciais parceiros, como empresas de alimentos e bebidas, com os quais eu gostaria de criar um produto e lançá-lo para o mercado brasileiro”, diz.

Agora, a Turtle Tree se prepara para explorar novos produtos. Há dois meses a startup lançou a Intentional, marca de suplementos que nasceu da própria necessidade de Lin em suplementar os níveis de ferro em seu organismo.

“Quando fui impedida de doar sangue devido aos baixos níveis de ferro, percebi que meu corpo estava sinalizando um desequilíbrio mais profundo.

Só que os suplementos tradicionais de ferro causavam uma sobrecarga de ferro no meu corpo e tinham efeitos colaterais desagradáveis, como inchaço e constipação. Foi então que percebi que, embora a ingestão de ferro fosse importante, a sua regulação era mais importante ainda”, afirma.

O primeiro produto lançado é o IronKind – um suplemento de lactoferrina fermentado com precisão, projetado para melhorar o equilíbrio do ferro sem desconforto. Uma mistura de lactoferrina e prebióticos, o suplemento promete melhorar a absorção de ferro, combater a fadiga e equilibrar naturalmente o microbioma intestinal.

IronKind, suplemento de lactoferrina fermentado com precisão, projetado para melhorar o equilíbrio do ferro sem desconforto — Foto: Divulgação
IronKind, suplemento de lactoferrina fermentado com precisão, projetado para melhorar o equilíbrio do ferro sem desconforto — Foto: Divulgação

Por enquanto ele é vendido somente nos EUA, pelo site da marca. Em breve, Lin espera ampliar o portfólio de suplementos da Intentional, com produtos focados na saúde do sangue e na imunidade, todos ampliando os benefícios da lactoferrina.

Para 2025, o foco da Turtle Tree, de acordo com a fundadora, é aumentar a receita. “Queremos construir um negócio sustentável, para que possamos continuar baixando o custo para nossos clientes”, diz.

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