ESPMEXENGBRAIND
1 dez 2025
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Lideranças do Sul lançam bloco regional do leite para coordenar ações, discutir preços ao produtor e ampliar estratégias de competitividade no setor 🐄
Produtores debatem desafios e agenda conjunta para o leite 📊
Produtores debatem desafios e agenda conjunta para o leite 📊

O leite esteve no centro das discussões que reuniram produtores, lideranças de classe e parlamentares em Passo Fundo, onde foi formalizado o bloco Sul da área leiteira, envolvendo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

A iniciativa, articulada durante audiência pública na Universidade de Passo Fundo, buscou consolidar uma agenda conjunta entre os três Estados, que concentram parte relevante da produção nacional e compartilham desafios estruturais semelhantes.

A audiência foi proposta pelo deputado estadual Paparico Bacchi (PL) e contou com a participação de representantes de segmentos produtivos e de entidades rurais. Entre eles esteve Sula Viécili, produtora de leite em Chiapetta e primeira secretária do Sindicato Rural de Ijuí. Ela relatou que a presença de deputados catarinenses e paranaenses reforçou a decisão de formar um bloco regional específico para tratar de temas do setor, com a perspectiva de ampliar a articulação política e institucional em torno da cadeia láctea.

Durante sua participação, Sula destacou que a rentabilidade no campo continua sendo um dos principais pontos de atenção. Em diversas regiões, explicou, o litro de leite recebido pelo produtor tem ficado abaixo de 2 reais, valor insuficiente frente aos custos de produção, estimados por cálculos técnicos em aproximadamente 2 reais e 30 centavos por litro. Segundo ela, esse descompasso compromete a sustentabilidade econômica de muitas propriedades familiares, que dependem da atividade para compor a renda mensal.

Outro aspecto mencionado foi a diferença na composição e no monitoramento do leite produzido internamente em comparação ao produto em pó que chega ao Rio Grande do Sul a partir de outros países do Mercosul. Sula observou que o leite produzido nas propriedades brasileiras passa por testes regulares de qualidade e é submetido a fiscalização contínua, enquanto, segundo ela, ainda pairam dúvidas sobre características nutricionais de alguns produtos importados. Ela ressaltou, contudo, que o tema exige análises técnicas e parâmetros consistentes para avaliação.

Ainda durante sua intervenção, Sula abordou o lançamento de uma campanha de incentivo ao consumo de leite no Brasil. De acordo com dados citados por ela, o consumo per capita anual gira em torno de 170 litros, abaixo do recomendado por especialistas e inferior à média de outros países. Segundo a produtora, um aumento pequeno e contínuo na ingestão diária poderia gerar impacto positivo sobre toda a cadeia, lembrando que, se cada brasileiro consumisse um copo adicional por dia, haveria incremento estimado de 42 milhões de litros.

A agenda do leite também teve espaço no programa Progresso Rural da RPI, onde o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zaneti, comentou as reivindicações apresentadas em Brasília durante reuniões com setores do governo federal. Entre as propostas, Zaneti citou a necessidade de atualização do preço mínimo do leite, sugerindo que o valor de referência seja ajustado para pelo menos 2 reais e 40 centavos por litro. Segundo ele, esse reajuste contribuiria para mitigar variações bruscas no mercado e dar maior previsibilidade ao produtor.

O dirigente também mencionou a discussão sobre a implementação de instrumentos de defesa comercial relacionados ao leite em pó originário de países vizinhos. Segundo Zaneti, parte dos produtos chega ao mercado nacional com valores que pressionam a formação de preços internos. Ele afirmou que essa pauta foi levada ao governo federal para avaliação técnica e regulatória, a fim de verificar eventuais práticas que possam ser enquadradas em medidas de comércio internacional previstas na legislação.

A criação do bloco Sul foi vista pelos participantes como um passo na direção de maior articulação regional. A expectativa é de que o grupo promova estudos, compartilhe informações técnicas e coordene estratégias que possam contribuir para o desenvolvimento da cadeia leiteira. Representantes presentes afirmaram que a união dos três Estados permitirá maior força institucional na formulação de políticas públicas e ajustes regulatórios quando necessário.

Nos próximos meses, integrantes do bloco pretendem estabelecer grupos de trabalho temáticos, abrangendo áreas como qualidade, gestão de custos, estrutura de mercado, inovação tecnológica, transporte e consumo. Produtores e entidades ressaltam que a articulação contínua entre os Estados poderá facilitar a construção de planejamentos de médio e longo prazo.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Rádio Progresso de Ijuí

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