O Brasil, após dois anos de retração na produção leiteira, volta a apresentar crescimento em 2023. Esse movimento ocorre em meio a desafios como a alta importação de leite e o abandono da atividade por parte de pequenos produtores. A seguir, vamos entender onde estão localizados os maiores produtores de leite do país, as principais regiões e estados envolvidos, e como a produção está evoluindo.
Um dos setores de maior importância na economia nacional, a pecuária leiteira é responsável por geração de empregos e produção de um dos alimentos mais ricos em nutrientes, o leite. Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), com dados importantes sobre a pecuária nacional. Dentre esses números, temos os dados da produção total de leite no país no ano de 2023.
Leia também: Grupo Lactalis lança iniciativa industrial de sementes para atrair jovens talentos para o setor lácteo
Crescimento da Produção Nacional de Leite
Em 2023, o Brasil produziu 35,4 bilhões de litros de leite de vaca, um aumento de 2,4% em relação ao ano anterior, onde a produção ficou em 34,55 bilhões de litros de leite. Mesmo com o crescimento, o setor ainda enfrenta dificuldades, principalmente para pequenos produtores que estão deixando a atividade. Muitos desses produtores optaram por arrendar suas terras para a produção de grãos, uma alternativa mais rentável.
A crescente importação de lácteos também impactou o mercado interno. Em 2023, o país importou o equivalente a 2,2 bilhões de litros de leite, um aumento expressivo de 68,8% em relação a 2022. Esse cenário, aliado à demanda interna fraca, pressionou os preços pagos ao produtor, que caíram de R$ 2,31 para R$ 2,27 por litro.
“A atividade leiteira vinha em declínio e agora ocorreu um aumento em 2023, embora o número de vacas leiteiras tenha apresentado leve queda de 0,1%. Então este aumento da produção do leite se deu em função do aumento de produtividade”, explicou Mariana Oliveira, analista da PPM.
Nota: A partir da diferença entre o total de leite produzido no Brasil em 2023, que foi de 35,4 bilhões de litros, conforme a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), e a quantidade de leite cru adquirida por laticínios sob inspeção sanitária, que somou 24,6 bilhões de litros, de acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite, também do IBGE, é possível concluir que 69,6% do volume total de leite produzido no país passou por inspeção sanitária.
As Regiões e Estados Líderes na Produção de Leite
A Região Sul se consolidou, pelo terceiro ano consecutivo, como a principal produtora de leite no Brasil, respondendo por 33,6% da produção nacional. Os três estados do Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) juntos produziram 11,9 bilhões de litros, um aumento de 1,8% em relação a 2022.
Minas Gerais segue como o maior produtor estadual, responsável por 26,6% da produção nacional e com uma produção de 9,4 bilhões de litros. Esse volume representa 80,6% da produção da Região Sudeste. Outros estados de destaque incluem o Paraná (12,9% da produção nacional), Rio Grande do Sul (11,6%) e Santa Catarina (9,1%).
Além dessas, a Região Nordeste também merece atenção, com um crescimento contínuo desde 2017. A produção nordestina atingiu 6,3 bilhões de litros, um aumento significativo de 10,4%. Estados como Pernambuco, Sergipe e Alagoas impulsionaram esse crescimento.
- Minas Gerais – 9,4 bilhões de litros de leite de vaca
- Paraná – 4,6 bilhões de litros de leite de vaca
- Rio Grande do Sul – 4,1 bilhões de litros de leite de vaca
- Santa Catarina – 3,2 bilhões de litros de leite de vaca
- Goiás – 3,0 bilhões de litros de leite de vaca
Produtividade e Redução de Rebanhos
Nos últimos dez anos, a pecuária leiteira brasileira tem mostrado uma tendência de redução do rebanho. Em 2023, o Brasil contabilizou 15,7 milhões de vacas ordenhadas, uma leve queda de 0,1% em relação a 2022. No entanto, essa redução no número de vacas foi compensada por um aumento significativo na produtividade.
Com a saída de produtores menos tecnificados e o investimento em genética e estrutura de rebanho, a produtividade média nacional saiu de 1.525 litros/vaca/ano, em 2014, para 2.259 litros/vaca/ano, em 2023. Entre os estados, Minas Gerais apresentou o maior salto, com a produtividade saltando de 1.613 litros/vaca/ano para 3.094 litros/vaca/ano, um crescimento de 91,8%.
A produtividade média nacional passou de 1.525 litros/vaca/ano em 2014 para 2.259 litros/vaca/ano em 2023.
Impacto dos Preços no Setor Leiteiro
O valor da produção de leite no Brasil foi de R$ 80,3 bilhões em 2023, um aumento de 0,4% em comparação a 2022. No entanto, o preço médio pago ao produtor recuou 1,7%, atingindo R$ 2,27 por litro, o segundo maior valor registrado na série histórica.
Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul lideraram os valores de produção estaduais, com Minas Gerais responsável por 28,6% do total nacional e uma receita de R$ 21,5 bilhões, embora esse valor tenha caído 6,0% em relação a 2022.
Os Municípios Considerados os Maiores Produtores de Leite
Dos 5.491 municípios com alguma produção de leite de vaca, em 2023, Castro, no Paraná, manteve-se como o município com a maior produção de leite do país, liderando, mais uma vez, o ranking com 454 milhões de litros, uma alta de 6,4% em relação ao ano anterior.
Outros municípios de destaque, que fazem parte do grupo dos maiores produtores de leite do Brasil, temos ainda Carambeí (PR), com 269,9 milhões de litros, e Patos de Minas (MG), com 211,1 milhões de litros.
Ranking dos cinco maiores municípios produtores de leite:
- Castro (PR) – 454.018 mil litros
- Carambeí (PR) – 269.875 mil litros
- Patos de Minas (MG) – 211.111 mil litros
- Patrocínio (MG) – 144.551 mil litros
- Lagoa Formosa (MG) – 134.410 mil litros
Considerações Finais
O setor leiteiro brasileiro, apesar dos desafios enfrentados, especialmente pela concorrência com os produtos importados e os altos custos de produção, mostra sinais de recuperação.
A Região Sul e o estado de Minas Gerais continuam a liderar a produção nacional de leite, enquanto a produtividade das vacas tem se mostrado um fator crucial para manter a competitividade do setor. O futuro do mercado dependerá da capacidade dos produtores de lidar com as pressões externas e internas, buscando inovações que aumentem a eficiência e sustentabilidade da produção.