Uma desaceleração prolongada da economia global está prevista pelo Banco Mundial para o início de 2023, afetando os mercados de todas as regiões globais.
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Os produtores precisam se concentrar em melhorar a eficiência e o uso ideal da energia na fazenda.
Mercados | Muitos países estão experimentando uma inflação de dois dígitos por vários meses, o que aumenta o custo de vida e limita o poder de compra dos consumidores. O principal impacto tem sido nos custos de alimentos e energia. Os elevados preços da energia, em resultado da atual crise energética, afeta tanto os consumidores finais como a indústria. Isto está limitando ainda mais a atividade econômica.

Os países de média e baixa renda, onde a desaceleração econômica está aumentando a pobreza e a segurança alimentarserão particularmente afetados. Os países que dependem das importações, especialmente para produtos básicos, enfrentam desvalorização cambial e um dólar forte, tornando as importações ainda mais caras.

 

A volatilidade dos preços do leite intensifica-se com a subida da inflação

O preço mundial do leite aumentou 18% em 2022, para um nível médio recorde de US$ 53,30 por 100 kg de leite (em torno de R$ 2,68/litro). Atingindo seu pico em abril (US$ 63,00 / 100 kg).

O aumento veio de um desequilíbrio na oferta e na demanda, especialmente no início do ano. Em muitos países, a oferta de leite foi insuficiente devido a várias razões: restrições climáticas, altos custos de produção, incertezas sobre a legislação, etc. Esse encolhimento da oferta de leite cru foi mais notado em importantes países produtores e exportadores de leite, como a União Europeia, a Nova Zelândia e o Brasil.

Por outro lado, a demanda ainda era forte no início do ano, apoiada pelas compras da China. No entanto, com a recessão iminente, a inflação, e a demanda recorde os preços diminuíram, superando o desequilíbrio da oferta no segundo semestre do ano.

 

Os elevados custos de produção afetam o humor e os investimentos dos fazendeiros

Os produtores de leite estão enfrentando custos mais altos de insumos pelo segundo ano consecutivo. O preço da alimentação animal está aumentando desde agosto de 2020 e, após altas em 2021, subiram ainda mais 20% em 2022. No início do ano passado, a guerra na Ucrânia gerou aumento nos preços dos grãos e oleaginosas, devido à alta dependência da Ucrânia e da Rússia no mercado, aos preços elevados do petróleo e dos fertilizantes, e às sanções russas.

A região com a maior dependência da energia russa é a Europa, que sentiu fortemente a crise energética, mas os efeitos repercutiram no mercado global. Os preços e a disponibilidade de fertilizantes foram também muito impactados nas regiões onde a Rússia tem uma alta participação de mercado, como a Europa e a América Latina.

Além dos desdobramentos macroeconômicos globais, as condições climáticas impactaram negativamente a produção agrícola em todo o mundo. Muitas das principais áreas de produção enfrentaram secas durante o verão. O terceiro ano de La Niña no Hemisfério Sul, por exemplo, resultando em calor extremo e secas na África e inundações no sul da Ásia.

As incertezas no mercado de commodities agrícolas criou problemas nos países importadores, limitando as importações de grãos, devido à escassez no mercado e à acessibilidade. Os altos preços da energia, dos fertilizantes e dos alimentos para animais continuarão moldando a economia agrícola em 2023, com poucas chances de melhorar.

 

Aumento do risco de insegurança alimentar e demanda não atendida devido ao declínio da acessibilidade

Em muitas regiões, os altos preços dos lácteos levantaram a questão de sua acessíbilidade. Pois, a desaceleração do crescimento econômico e o aumento da inflação estão impactando o poder de compra dos consumidores.

Nas regiões desenvolvidas, os consumidores mudam para produtos mais baratos ou marcas próprias do varejo. Os consumidores com menor poder aquisitivo, por sua vez, recorrem a alternativas mais baratas, deslocando a demanda de produtos lácteos à medida que se concentram em bens mais básicos, como grãos.

O principal impulsionador para a alta do preço do leite em 2020/21 foi o aumento do consumo na China e, inversamente, é responsável pela queda na demanda global em 2022. O impacto na demanda de importação chinesa foi o resultado do aumento dos casos de Covid e lockdowns rigorosos, em algumas áreas urbanas, desacelerando o crescimento econômico e a capacidade de importação.

 

O setor de laticínios se concentra na melhoria da eficiência para superar a crise

Os altos preços dos insumos estão forçando os produtores de leite e a indústria a se ajustarem à atual situação do mercado. Os produtores estão abordando este problema com diferentes estratégias. O mais comum é mudar as dietas dos animais, passando a usar menos concentrados. No entanto, isso vem com efeitos negativos sobre a produção e a qualidade do leite.

Outro problema é que, com os preços mais altos dos insumos, o uso de fertilizantes acaba sendo menor. Mas, isto também pode ter impactos negativos no rendimento e na qualidade das forragens. Esta é a razão pela qual os produtores precisam se concentrar em melhorar a eficiência e o uso ideal da energia na fazenda.

Embora seja uma situação difícil, isso pode ter efeitos positivos em algumas fazendas que buscam soluções, implementando novas tecnologias, melhorando a genética dos rebanhos e melhorando os processos agrícolas; o que resulta em aumento da receita e custos mais altos. A situação atual também aumenta a importância da gestão dos riscos e da inclusão dos produtores em mais ferramentas de gestão dos riscos de mercado.

 

Leia também Os produtos lácteos veganos não existem (edairynews.com)

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Atualmente, os Estados Unidos estão atrás da Nova Zelândia e da União Europeia nas exportações de laticínios. Entretanto, Krysta Harden, presidente e CEO do U.S. Dairy Export Council, prevê que isso pode mudar.

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