Por muitos anos, o produtor Clodoaldo Mendes, do município de São Francisco, no Norte de Minas, trabalhou em um laticínio que produzia muçarela de búfala. Até que, em 2007, decidiu usar esta experiência para empreender e abriu sua própria queijaria, na propriedade da família, a Fazenda Riacho Fundo, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Clodoaldo, mais conhecido como Toê, um apelido que herdou do avô, produzia de três a cinco quilos de muçarela de leite de vaca por dia. Atualmente, a produção diária já chega a 70 quilos. Para essa ampliação, ele contou também com o crédito rural do Banco do Nordeste.
Além de atender todas as exigências legais e de inspeção sanitária para manter o negócio, Toê passou a adotar processos sustentáveis na propriedade, como a adubação orgânica das pastagens e das lavouras de milho e mandioca, com o reaproveitamento dos dejetos do gado, após passar por um tratamento. O esterco dos animais também abastece o biodigestor, que produz o gás utilizado na cozinha da residência e que aquece a água utilizada na queijaria.
“O esterco é colocado no biodigestor, em forma de um grande saco, onde ocorre a produção do gás, que sai através da mangueira acoplada, onde tem uma válvula de segurança. Esse gás é direcionado tanto pro laticínio quanto para a cozinha da residência. E o restante do material orgânico vai para um tanque, de onde é bombeado para as pastagens e outras culturas, no sistema de fertirrigação”, explica o coordenador regional da Emater-MG em São Francisco, Antônio de Faria Salgado.
Para conduzir a queijaria, Toê conta com o auxílio de uma irmã e de uma funcionária. A agroindústria já movimenta a economia de toda a comunidade, pois, para dar conta do aumento da produção de muçarela, a queijaria do Toê compra leite de propriedades vizinhas, que complementam o leite ordenhado das 12 vacas da fazenda Riacho Fundo. A propriedade de Clodoaldo Mendes se tornou referência no uso de várias tecnologias ambientais, com reutilização de resíduos e tratamento adequado dos recursos hídricos. Além do aumento nas vendas, o reconhecimento pelo esforço veio também em forma de prêmio.
Premiação
Em 2021, o produtor foi agraciado com o VI Prêmio da Agricultura Familiar, oferecido pelo Banco do Nordeste, na categoria Sustentabilidade. “O crédito foi fundamental para eu chegar onde estou. E essa premiação é um grande incentivo para continuar. Quando comecei, o pessoal por aqui nem sabia direito como funcionava um laticínio. Foi difícil, e a partir de 2017, eu procurei a Emater e, junto com a Secretaria de Agricultura de São Francisco, eu fui tendo as orientações para ir melhorando a produção”, conta.
Clodoaldo já planeja novas melhorias na propriedade, como a implantação de geração de energia fotovoltaica, para reduzir o custo com energia elétrica, além da instalação de internet, para poder atender mais clientes.