Nos últimos anos, o mercado de marcas locais tem se expandido significativamente, impulsionado pela crescente demanda por produtos saudáveis e inovadores, especialmente após as mudanças nos hábitos de consumo durante a pandemia.
Pesquisa recente da Nielsen aponta que o segmento de marcas locais já representa cerca de 20% das vendas de alimentos em grandes supermercados brasileiros. Esse crescimento se reflete principalmente em alimentos e bebidas, com consumidores cada vez mais conscientes sobre suas escolhas.
No entanto, apesar da qualidade e da originalidade, muitas dessas marcas enfrentam desafios para conquistar um espaço nas gôndolas dominadas pelas grandes indústrias.
Leila Okumura, co-fundadora da plataforma Local.e, acredita que os supermercados têm um papel essencial nesse processo de expansão e fortalecimento das marcas locais. “Os supermercados brasileiros concentram uma parte substancial das vendas de alimentos e bebidas, e isso é fundamental para proporcionar escala às marcas locais”, afirma Leila.
EDAIRY MARKET | O Marketplace que Revolucionou o Comércio Lácteo
Segundo a fundadora da plataforma que oferece metodologia própria para o desenvolvimento dos empreendedores de marcas locais, a escalabilidade é crucial para que qualquer marca se estabeleça no mercado varejista. “Sem escala, a marca não consegue se sustentar.
Por isso, precisamos construir relações saudáveis entre supermercados e marcas locais, para que essas pequenas indústrias possam prosperar”, diz Okumura.
No entanto, o caminho para o sucesso não é simples e Leila destaca que um dos principais desafios enfrentados pelas marcas locais é a manutenção de seu espaço físico nas gôndolas. “Enquanto grandes marcas têm promotores e recursos para garantir boa exposição, muitas marcas locais não conseguem bancar esses custos.
Reputação de marcas | Marcas sofrem boicotes de 6 em cada 10 consumidores no Brasil
Além disso, as pequenas marcas enfrentam dificuldades em comunicar seus benefícios aos consumidores, uma vez que não têm os mesmos recursos para realizar degustações ou campanhas promocionais em larga escala”, explica.
A convivência saudável entre grandes e pequenas marcas
Embora os desafios existam, Leila Okumura vê com otimismo a convivência entre grandes marcas e marcas locais. “Há espaço para todos. As grandes marcas atendem uma demanda mais abrangente e com preços mais acessíveis, enquanto as marcas locais inovam e atendem nichos específicos.
A competitividade saudável entre esses dois segmentos é fundamental para oferecer uma variedade de opções aos consumidores e atender a diferentes necessidades. A coexistência é essencial para termos um mercado diversificado, com produtos inovadores e que realmente atendem às expectativas dos consumidores”, observa.
Juliana Klein e Eduardo Rech, fundadores da Pincbar, uma marca local de barrinhas proteicas, também destacam a importância dos supermercados na expansão das pequenas marcas. Para eles, as redes varejistas têm um papel crucial no desenvolvimento e reconhecimento das marcas locais.
“Estar presente nos supermercados permite que as marcas alcancem um público mais amplo e diversificado, o que contribui para a validação da marca”, afirma Eduardo. Juliana acrescenta que, ao estar em supermercados consolidados, a Pincbar ganhou credibilidade, sendo percebida pelos consumidores como uma marca de qualidade.
De acordo com os fundadores da marca local, a parceria com a Local e foi fundamental para acelerar o crescimento da Pincbar. “A Local.e ajudou a otimizar nossos esforços comerciais e financeiros, facilitando nosso ingresso no mercado de supermercados.
A plataforma, com sua metodologia focada em vendas estratégicas e construção de marcas memoráveis, tem sido um diferencial importante para as marcas locais que buscam se destacar em um mercado competitivo”, revelam.
Supermercados como parceiros estratégicos
Para os executivos da Pincbar, os supermercados também podem adotar práticas que facilitam a entrada e o sucesso das marcas locais e sugerem algumas iniciativas que poderiam ser adotadas para apoiar as pequenas empresas. “É essencial que os supermercados flexibilizem custos de contrato e logística, especialmente para marcas que estão em fase de expansão”, recomendam.
Além disso, a criação de espaços exclusivos para marcas locais dentro das lojas pode aumentar sua visibilidade, facilitando a identificação pelos consumidores.
Outro ponto importante é a disponibilização de dados de vendas e insights sobre o comportamento dos consumidores. “Esses dados seriam essenciais para que as marcas locais ajustem suas estratégias de forma mais assertiva, aproveitando ao máximo seu potencial”, destacam.
Para Leila Okumura , a chave para o sucesso está em criar uma relação de empatia entre os supermercados e as marcas locais. “É preciso entender as dificuldades dos pequenos empresários e estar disposto a criar condições para que eles se destaquem.
O fortalecimento das marcas locais é, portanto, um caminho para promover a inovação, a diversidade e a competitividade saudável nos supermercados. A cooperação entre pequenas indústrias e grandes redes varejistas pode gerar benefícios tanto para os consumidores, que terão acesso a produtos mais inovadores e saudáveis, quanto para a economia local”, conclui.
