Em mais de 30 anos à frente da Fazenda Malunga a engenheira agrônoma Clevane Ribeiro Pereira Valle viu a propriedade tornar-se referência na produção de alimentos orgânicos no Distrito Federal.
Em entrevista ao programa CB.Agro — uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília —, nesta sexta-feira (11/4), ela detalhou como ela e o marido e sócio, Joe Valle, iniciaram a trajetória em uma época em que a “agricultura alternativa” ainda era novidade.
Devido ao pouco conhecimento da população sobre o formato de produção orgânica, Clevane conta que no início era preciso explicar para os consumidores o diferencial da forma de cultivo.
No entanto, a situação mudou atualmente. “Com o tempo, as pessoas começaram a se preocupar mais com a alimentação, com aquilo que levam para casa”, conta a produtora para as jornalistas Adriana Bernardes e Mariana Niederauer.
Atualmente, a Fazenda Malunga abastece mais de 130 pontos de venda, tem quatro lojas no DF e um atacado no Ceasa, oferecendo cerca de 80 produtos, entre hortaliças, laticínios e itens minimamente processados, como saladas prontas.
Na produção de leite, o rigor é ainda maior: os animais são alimentados exclusivamente com produtos orgânicos e não recebem antibióticos e hormônios, fatores muito importantes, pois tudo o que o animal consome impacta diretamente na qualidade do leite, explica Clevane.
A fazenda também investe em soluções sustentáveis, como o uso de defensivos biológicos.
Um dos métodos utilizados é a aplicação de caldas feitas com lagartas infectadas por fungos, alternativa que representa uma forma natural e eficaz de controle de pragas, alinhada ao compromisso ecológico da propriedade.
Inspirada pelo pai, um produtor de leite e café em Minas Gerais, Clevane seguiu a carreira no campo.
Agora, vê o mesmo caminho ser trilhado pelas duas filhas, uma estudante de veterinária e outra de administração, já envolvidas no dia a dia da fazenda.
“O projeto é muito complexo, muito difícil, não é fácil. Mas a paixão é muito grande e elas se envolveram”, conta.