ESPMEXENGBRAIND
18 set 2025
ESPMEXENGBRAIND
18 set 2025
Preço do leite pago ao produtor em Minas cai a R$ 2,70, em plena entressafra, e acende alerta para a sobrevivência da atividade no Triângulo e Alto Paranaíba.
Jônadan Ma, presidente da Comissão de Pecuária de Leite do Sistema Faemg/Senar, alerta para concorrência predatória e margens negativas no setor (Foto/Divulgação) Preco
Jônadan Ma, presidente da Comissão de Pecuária de Leite do Sistema Faemg/Senar, alerta para concorrência predatória e margens negativas no setor (Foto/Divulgação)

O preço do leite em Minas Gerais registrou nova queda em agosto, referente à produção de julho, e deixou os produtores rurais em situação crítica.

De acordo com levantamento do Cepea/Esalq-USP, o litro pago ao produtor caiu para R$ 2,70, configurando a quarta redução consecutiva. A desvalorização acontece justamente no período da entressafra, quando o esperado seria haver valorização, e tem reduzido drasticamente a margem da pecuária leiteira mineira.

Minas Gerais ocupa posição de destaque no cenário nacional, sendo responsável por cerca de 9,3 bilhões de litros por ano, o equivalente a mais de 27% da produção de leite do Brasil, segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, como Patos de Minas e Patrocínio, figuram entre os principais polos leiteiros do país. Ainda assim, a queda nos preços coloca em risco a continuidade da atividade na região.

“Hoje o produtor mal cobre os custos. Não sobra para investir nem para recuperar prejuízos dos últimos anos”, afirmou Jônadan Ma, presidente da Comissão de Pecuária de Leite do Sistema Faemg/Senar.

Segundo ele, a retração é resultado da combinação de dois fatores: o aumento de cerca de 9% na produção nacional no último trimestre e a intensificação das importações de lácteos da Argentina e do Uruguai.

De acordo com o dirigente, a entrada de leite em pó e muçarela do Mercosul equivale ao ingresso de seis milhões de litros de leite por dia no mercado interno. “Essa concorrência desleal tira a competitividade do produtor brasileiro”, avaliou Jônadan Ma.

Outro ponto criticado pelo representante do setor é a falta de repasse da queda ao consumidor final. “Quando o leite desvaloriza, a indústria e o varejo não repassam o alívio para o supermercado.

Mas quando há qualquer alta no campo, ela aparece imediatamente na gôndola. A fatia maior sempre fica com o atacado e o varejo, e isso é injusto”, ressaltou.

A dificuldade em manter a rentabilidade tem levado muitos produtores a abandonar a atividade. “O leite é um bom negócio, mas só quando é bem conduzido e quando não sofre concorrência predatória. A cada crise, muitos produtores deixam a atividade”, destacou Jônadan.

Frente ao cenário adverso, a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), tem pressionado o governo federal pela adoção de medidas contra importações predatórias vindas da Argentina e do Uruguai.

Além disso, as entidades oferecem capacitação e assistência técnica gratuita aos pecuaristas mineiros, como alternativa para melhorar a gestão dos custos e elevar a competitividade. “Se o produtor não consegue mexer no preço, pelo menos pode reduzir despesas e se tornar mais competitivo”, completou o dirigente.

Mesmo com as dificuldades, existe expectativa de alguma recuperação nos preços com a chegada da safra. No entanto, a preocupação é que a pressão de mercado se mantenha. Caso a desvalorização se prolongue, inclusive nos meses de maior produção, a permanência de milhares de produtores mineiros pode ficar inviável.

O alerta é especialmente relevante para regiões de forte tradição leiteira, como o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba, onde o setor tem papel estratégico para a economia local e para a segurança alimentar do país.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de JM On Line

Te puede interesar

Notas Relacionadas