“No acumulado de 2023, a desvalorização é de 24,8%, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de out/23), e, em relação a outubro/22, de expressivos 30,4%”, acrescenta a publicação.
Segundo o Cepea, o movimento de queda esteve atrelado ao excesso de oferta provocado pelo aumento da produção doméstica e pelas importações.
Já o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira teve, em novembro, elevação de 0,58% na “Média Brasil” – formada pelas bacias leiteiras de BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS. O aumento dos custos foi causado pela valorização dos concentrados, adubos, corretivos e alguns medicamentos.
Ainda de acordo com a publicação, cálculos do Cepea indicam que, de janeiro a novembro de 2023, a receita total das propriedades modais caiu 22% na “Média Brasil”, enquanto a margem bruta (receita – COE) recuou 69%. “O ano se encaminha para o encerramento com margens muito apertadas aos produtores de leite nacionais.”
Leia, abaixo, as análises de Natália Grigol e Gabriela Murgel, da Equipe Leite do Cepea, sobre o mercado de leite:
Quedas do preço do leite ao pecuarista podem ter chegado ao fim”
Natália Grigol//Da Equipe Leite do Cepea
“Pelo sexto mês consecutivo, o preço do leite cru captado por laticínios caiu em outubro, recuando 4,3% frente a setembro, para R$ 1,9675/litro na “Média Brasil” líquida. No acumulado de 2023, a desvalorização é de 24,8%, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de out/23), e, em relação a outubro/22, de expressivos 30,4%.
Contudo, pesquisas em andamento do Cepea indicam que o movimento de queda no preço ao produtor pode ter chegado ao fim na maior parte das bacias leiteiras. Enquanto os valores do produto captado em novembro devem permanecer estáveis no Sudeste, no Sul, espera-se uma virada na tendência.
A desvalorização do leite esteve atrelada ao excesso de oferta, tanto pelo aumento da produção doméstica quanto pelas importações crescentes. Porém, a captação dos laticínios tem desacelerado desde setembro e, em outubro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou apenas 1,4%. A produção de leite vem sendo limitada pela combinação de clima adverso à atividade (seca e calor no Sudeste e Centro-Oeste e excesso de chuvas no Sul) com margens espremidas dos pecuaristas.
Pesquisa do Cepea mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil” registrou alta de 0,6% em novembro, puxado pela valorização dos concentrados, adubos, corretivos e alguns medicamentos. Ainda que, no acumulado do ano, o COE apresente retração, a diminuição do preço do leite supera a desvalorização dos insumos no mesmo período e, com isso, estima-se que a margem bruta dos pecuaristas tenha recuado expressivos 69% no ano.
Com a queda no preço do leite, as importações chegaram a perder força em setembro, porém, voltaram a crescer em outubro e novembro. Dados da Secex mostram que as compras externas de queijos puxaram a alta de 5% nas importações de novembro e que, no acumulado do ano, o volume adquirido supera em mais de 70% o registrado no ano passado.
Ainda assim, os estoques de lácteos estiveram, no geral, mais limitados em novembro – o que ajudou a frear a queda no preço de alguns lácteos e a elevar, ainda que levemente, as cotações do UHT e da muçarela. Contudo, essa pequena valorização não foi suficiente para garantir rentabilidade aos laticínios e o movimento de alta não persistiu na primeira quinzena de dezembro, prejudicado pela diminuição do consumo e pelo acirramento da concorrência entre laticínios e entre os produtos brasileiros e importados.”
Custo da pecuária leiteira sobe, enquanto receita segue em franca retração”
Gabriela Murgel// Da Equipe Leite do Cepea
“Em novembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresentou elevação de 0,58% na “Média Brasil” – formada pelas bacias leiteiras de BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS. O aumento dos custos está atrelado à valorização dos concentrados, adubos, corretivos e alguns medicamentos.
O encarecimento dos concentrados, ocorrido em diversas regiões, se deu pela alta no preço do milho. No grupo de adubos e corretivos, instabilidades e incertezas quanto à disponibilidade desses insumos no mercado global explicam os aumentos.
No caso dos medicamentos, a maior demanda sazonal por antibióticos e antimastíticos elevaram ligeiramente os valores médios em novembro. Por outro lado, alguns colaboradores relataram ter escoado estoques de vacinas e medicamentos para controle parasitário a preços mais baixos, aproveitando o período de campanha de vacinação contra raiva e febre aftosa.
Também foram registradas pequenas quedas na cotação do diesel, diminuindo os custos com operações mecânicas de reforma e manutenção realizadas na propriedade em novembro.
Apesar das elevações a partir do segundo semestre, o COE da atividade acumula retração de 4,84% no ano, na “Média Brasil”. A distância entre os custos produtivos e a receita, por sua vez, segue aumentando. Na parcial de 2023, o preço médio mensal do leite cru captado por laticínios recuou expressivos 24,8%, em termos reais, superando, e muito, a desvalorização dos insumos no mesmo período.
Cálculos do Cepea indicam que, de janeiro a novembro de 2023, a receita total das propriedades modais caiu 22% na “Média Brasil”, enquanto a margem bruta (receita – COE) recuou expressivos 69%. Assim, o ano se encaminha para o encerramento com margens muito apertadas aos produtores de leite nacionais.
Relação de troca
Em outubro, houve uma escalada na piora da relação de troca do pecuarista leiteiro, resultado, mais uma vez, da combinação entre valorização do milho e desvalorização do leite. O produtor precisou de 30,1 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão, 12,8% a mais que em setembro. O resultado também ficou acima da média dos últimos 12 meses, de 27,8 litros/saca, retomando os patamares mais elevados vistos no começo do ano.”
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