As altas temperaturas têm sido mais comuns a cada ano. Segundo o Climatempo, nos últimos 12 meses – entre março de 2024 a fevereiro de 2025 – a temperatura global ficou 0,71°C acima do normal e 1,59°C acima dos níveis pré-industriais. Muito calor!
O verão de 2025 (de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025) foi o segundo mais quente da história, registrando temperatura 0,73°C acima da média de 1991 a 2020 e apenas 0,05°C abaixo do recorde histórico, alcançado em 2024.
Para o varejo alimentar, que precisa manter os produtos refrigerados sob temperaturas ideais nas lojas para garantir as condições de consumo, essa realidade pode trazer alguns desafios.
De acordo com Rogério Marson Rodrigues, gerente de Engenharia da Eletrofrio, para manter o bom armazenamento dos produtos refrigerados durante o verão, o supermercadista precisa dar atenção especial ao condensador.
“É aquela peça que fica do lado de fora, normalmente em cima do telhado e que faz a condensação do sistema de refrigeração. Ela é a peça mais sensível dos equipamentos de refrigeração no que diz respeito ao calor.
Como as temperaturas têm sido mais elevadas, é preciso dimensionar esses condensadores para a nova realidade. “Em novos projetos, é preciso adotar os novos parâmetros de temperatura. Existem, por exemplo, empresas que trabalham nesse mercado há 30 anos e tem uma tabelinha que era usada em 1990.
Os verões estão sendo cada vez mais rígidos, então vale a pena atualizar essas tabelas. Os condensadores precisam ser maiores e mais potentes para que consigam suportar essas novas condições do clima”, alerta.
No caso de supermercados que já estão com os equipamentos instalados, é preciso tomar cuidado extra com a manutenção desses equipamentos. Em condições normais, o indicado é fazer a manutenção preventiva dos condensadores a cada três meses.
Com esses verões mais rigorosos, o ideal é fazer a prevenção todo mês. “O condensador é o que mais sofre com as ondas de calor porque é um equipamento por onde o ar atmosférico passa para ele fazer a condensação do gás. Só que esse ar traz sujeira da atmosfera e, à medida que ele vai ficando mais sujo, vai perdendo o rendimento”, conta.
Para que, mesmo com temperaturas mais altas, os produtos refrigerados não fiquem em condições desfavoráveis, vale seguir algumas outras dicas do profissional da Eletrofrio.
- Na hora do recebimento, por exemplo, é necessário levar a mercadoria que estava no caminhão refrigerado para a câmara frigorífica o mais rápido possível. “O caminhão descarrega a mercadoria na doca e as pessoas vão conferir a nota fiscal, fazer a contagem. É muito importante que procedimentos sejam adotados para levar esses produtos para dentro das câmaras o mais rápido possível porque é uma minoria que tem doca climatizada hoje no Brasil”, fala. “O ideal seria ter essa temperatura controlada também nas docas, mas por conta dos custos essa ainda não é uma prática muito comum”, ressalta.
- Outra dica é manter as portas dos balcões refrigerados e das câmaras frigoríficas sempre fechadas para evitar que o ar quente entre e mude a temperatura do espaço.
- Uma loja climatizada também ajuda a não forçar tanto os equipamentos, já que, mesmo que haja portas nos equipamentos refrigerados, os consumidores estão a todo momento abrindo e permitindo que o ar quente entre. “O ar-condicionado tem duas finalidades dentro de um supermercado. Primeiro, é óbvio, o conforto do consumidor, que vai querer ficar mais tempo na loja, e o ar também influencia positivamente na qualidade do frio nos balcões frigoríficos nesses dias de extremo calor”, explica Rodrigues.
- Se o calor na loja só causa um desconforto para o cliente, para os equipamentos pode significar um funcionamento fora do padrão. “Um produto perecível não aceita 2°C ou 3°C a mais, como nós, consumidores. Se um iogurte tem de ficar a 4°C é 4°C. Para congelados, se é -18°C é -18°C. Não pode ser -15°C ou -10°C. O produto perecível tem que ser mantido nas condições ideais de conservação dele Independentemente se está calor lá fora ou não”, afirma.
Atenção!
Às vezes, pensando no menor custo, os supermercadistas optam por, em vez de ar-condicionado, usar climatizadores evaporativos, que são aqueles ventiladores que aspergem água. “Eles fazem a função de reduzir um pouquinho a temperatura do ar dentro do salão de vendas, mas aumentam demais a umidade, o que acaba prejudicando a refrigeração.
É preciso fazer uma avaliação com o corpo técnico para ver se vale a pena colocar o climatizador evaporativo, sabendo que vai fazer com que gaste mais energia com a refrigeração”, aconselha Rodrigues.
Outra solução comum para manter a loja um pouco mais agradável é o ventilador. De acordo com o gerente de Engenharia da Eletrofrio, a única ressalva é que os aparelhos não fiquem em direção aos balcões refrigerados para não jogar ar quente para dentro deles.