As medidas restritivas em vigor desde meados de março, em função da pandemia causada pelo covid-19, afetaram o mercado de produtos lácteos.

As medidas restritivas em vigor desde meados de março, em função da pandemia causada pelo covid-19, afetaram o mercado de produtos lácteos.

Os laticínios sofreram forte retração na demanda em função do fechamento de restaurantes e redes de food service.

Aproximadamente um terço da produção brasileira de queijos é destinada para o consumo de alimentos fora do lar. Por isso, a demanda foi repentinamente reprimida e isso refletiu diretamente nos preços.

No começo de março, em função da corrida aos supermercados por causa do medo da escassez de produtos, o preço subiu, contudo o quadro de pleno abastecimento, dissipou esse temor e os preços caíram nas quinzenas seguintes, veja na figura 1 o comportamento dos preços dos queijos tipo muçarela, parmesão, prato e provolone.

Figura 1. Variação de preços quinzenais dos queijos parmesão, provolone, prato e muçarela. Base 100 = 1ª mar/2020.

200601 carta 1Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

A queda do consumo de queijos fez aumentar a oferta de leite pelos “queijeiros” no mercado spot (leite comercializado entre as indústrias), pressionando para baixo as cotações do leite.

Para o curto e médio prazos, a queda na produção de leite nas principais bacias (entressafra), agravada pelo clima adverso, aumento nos custos de produção e pressão sobre os preços pagos ao produtor podem diminuir o viés de baixa no mercado do leite, entretanto, uma recuperação nos preços dos queijos e demais produtos lácteos dependerá da retomada do consumo interno.

O consumo de queijos em 2019

Nesta análise foram utilizados os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq) para o consumo brasileiro e os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para os outros países.

O Brasil foi o terceiro maior consumidor de queijos em 2019 e, considerando a União Europeia (bloco econômico), o Brasil ocupa a quarta colocação.

O consumo brasileiro foi de 1,12 milhões de toneladas em 2019.

Destacamos, porém, que apesar do expressivo volume consumido no país, o consumo per capita (em kg/habitante/ano) é baixo, o que revela um grande potencial de crescimento para a demanda de queijo no país.

Considerando uma população de 211,05 milhões de habitantes (IBGE), o consumo brasileiro foi de 5,31 kg/habitante/ano em 2019.

Apesar de consumirmos 23,5% mais que os mexicanos, por exemplo, consumimos 36,4% menos que os russos, 69,8% menos que os norte-americanos, e 74,9% menos por habitante que a União Europeia. Veja na figura 2.

Figura 2. Os cinco maiores consumidores de queijo em 2019. À direita, o consumo anual, em 1000 toneladas, representado pelas barras. À esquerda, na linha azul, o consumo per capita, em kg/habitantes.
200601 carta 2

Fonte: Abiq, USDA e IBGE – Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Expectativa para 2020

O consumo de queijos no Brasil deverá crescer 1,9% em 2020, em relação a 2019 (USDA).

No entanto, esse número poderá ser revisado para baixo diante da pandemia vigente.

Além do fechamento dos prestadores de serviço de alimentação (bares, restaurantes, lanchonetes e similares), a queda na renda da população gerada por essa crise afeta também a demanda por outros produtos lácteos de maior valor agregado.

Estamos na entressafra da produção leiteira, e a menor oferta de matéria-prima contribui para um certo equilíbrio frente à demanda enfraquecida. Assim como, abre espaço para possíveis altas no preço no caso de uma elevação do consumo interno.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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