Em meio à mais grave crise da história do setor leiteiro no país, Antônio de Salvo disse que litro do produto pode chegar a R$ 8 para o consumidor final ou começar a faltar nas gôndolas dos supermercados.
leite
O presidente alertou que, se 8 ou 10% dos produtores sairem da atividade.

“A coisa não está boa. Quando a caixinha de leite, nos supermercados, estiver custando R$ 6, R$ 7 ou R$ 8, por favor, não digam que nós não avisamos. Está avisado,” disse, nesta segunda-feira (18), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG), Antônio Pitangui de Salvo, durante coletiva de balanço do ano, na sede da instituição, no bairro Floresta, em Belo Horizonte.

 

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O leite precisa ser tirado da vaca e entregue aos laticínios todos os dias.

 

De Salvo disse que o segmento leiteiro “tomou um coice de uma vaca mal peada” com o excesso de importações de leite em pó, com alíquota zero, vindo de países do Mercosul, principalmente Argentina e Uruguai. Na avaliação dele, há risco de desabastecimento: “Se, porventura tivermos uma melhoria nos preços pagos ao produtor, por uma impossibilidade de importação ou por uma variação cambial poderemos ter sérios problemas de abastecimento de leite para as populações mineira e brasileira”.

Preços estão abaixo dos custos de produção

Segundo o presidente, o governo publicou um Decreto, tirando os 9,5% de isenção para quem estiver importando, “mas isso só vai passar a vigorar em fevereiro e o que estamos vendo é uma continuidade de preços estabelecidos nas diversas regiões de Minas, muito abaixo do custo de produção. O efeito danoso disso não é só imediato é a médio e longo prazo. Em Minas, 8% dos produtores, somente esse ano, já abandonaram a pecuária leiteira. Isso, além de um problema econômico, pode gerar êxodo rural com graves e incalculáveis consequências”.

Por ser um produto perecível, setor precisa de proteção

“Leite é tratado em outros países como uma política pública e isso é uma coisa que não vemos no Brasil. É preciso proteger esse setor”, disse De Salvo.

Ele explicou que, na pecuária de corte, por exemplo, se a arroba do boi cai de R$ 300 para R$ 200, o produtor segura o bezerro, não vende para o frigorífico e espera o preço melhorar.

“Com o leite é diferente, porque ele precisa ser tirado do animal, no mínimo, uma ou duas vezes por dia e precisa ser entregue a um laticínio. Não tem como estocar. Na cafeicultura, você estoca, você trava. Na pecuária leiteira, não tem o que fazer. Por isso, é um setor que precisa de uma política mais específica. A gente não vê isso no Brasil e isso não é culpa desse governo. Isso vem sendo feita dessa forma há muito tempo. Vale lembrar que essa é a única atividade que está presente em 98% dos municípios mineiros e brasileiros”.

Quem sai da atividade, não volta com menos de 36 meses

O presidente alertou que, se 8 ou 10% dos produtores sairem da atividade, eles não voltam com menos de 36 meses, por questões biológicas e de logística. “Então podemos nos preparar para termos um problema seríssimo de fornecimento porque já há quedas significativas nas produções mineira e brasileira”.

Ministro Carlos Fávaro tem sido sensível: “nos atendeu em tudo”

Apesar do cenário pessimista, o presidente reconhece que a interlocução com o governo federal, a respeito desse tema, tem sido positiva. “Estivemos com o ministro Carlos Fávaro duas vezes. É um homem muito sensível. Basicamente tudo o que foi pedido, foi cumprido. O problema é que o que a gente precisava era impossível de ser cumprido, que era o fechamento total das importações, para que não entrasse aqui mais nenhum quilo de leite em pó de outros países”.

 

 

 

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