ESPMEXENGBRAIND
15 dez 2025
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Gadolando afirma que as importações de leite agravaram a crise de preços em 2025 e defende medidas urgentes para garantir renda ao produtor 🥛
Presidente da Gadolando diz que paixão não paga contas e cobra reação às importações de leite 📉
Presidente da Gadolando diz que paixão não paga contas e cobra reação às importações de leite 📉

As importações de leite encerram 2025 no centro do debate do setor leiteiro brasileiro, segundo avaliação da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), que classificou o ano como um dos mais difíceis da última década em termos de renda e sustentabilidade da atividade.

O diagnóstico foi apresentado pelo presidente da entidade, Marcos Tang, ao fazer o balanço do ano. Em tom direto, o dirigente afirmou que a paixão pela atividade não é suficiente para manter o produtor no campo diante de uma combinação perversa de preços baixos, custos elevados e avanço do produto importado. Para ele, o cenário inviabilizou economicamente milhares de propriedades leiteiras.

Tang destacou que, apesar do forte vínculo emocional dos produtores com suas vacas, com a raça holandesa e com a própria atividade, a realidade financeira impôs limites claros. Segundo o dirigente, sem renda e sem lucro mínimo, a atividade deixa de cumprir seu papel social e econômico no interior do país.

Na avaliação da Gadolando, o leite é uma das cadeias mais relevantes da economia agropecuária brasileira justamente por sua capacidade de fixar famílias no campo, gerar empregos contínuos e estimular o desenvolvimento regional. No entanto, para cumprir essa função, precisa ser adequadamente valorizado. Tang reforçou que o produtor não pode apenas “entregar” leite, mas precisa, de fato, vendê-lo com margem econômica.

Importações ampliaram a crise

Ao analisar o comportamento do mercado ao longo de 2025, Tang apontou que as importações de leite ganharam ritmo acelerado a partir de agosto, agravando um cenário que já era delicado devido ao aumento da produção interna em determinadas regiões.

Segundo ele, a combinação entre maior oferta doméstica e volumes elevados de leite e derivados vindos do exterior pressionou ainda mais os preços pagos ao produtor. O resultado, de acordo com o dirigente, foi um fechamento de ano marcado por perdas, endividamento e abandono da atividade em algumas localidades.

Para a entidade, esse movimento evidenciou a fragilidade do setor frente à ausência de mecanismos eficazes de defesa comercial. A Gadolando passou a defender, de forma mais enfática, a redução das importações e a adoção de regras antidumping, pauta que vem sendo construída em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Tang também fez críticas à condução política da cadeia leiteira, afirmando que há omissão por parte de agentes com poder de decisão. Segundo ele, em muitos casos, os produtores acabam sendo usados como massa de manobra, enquanto decisões estruturais deixam de ser tomadas.

O presidente da Gadolando observou ainda que parte das críticas direcionadas à indústria ignora a realidade dos custos de produção no campo. Para ele, muitos dos que opinam sobre o setor desconhecem quanto custa produzir um litro de leite com padrões sanitários, genéticos e de bem-estar animal cada vez mais exigentes.

Defesa de bloqueio temporário

Entre as propostas defendidas pela entidade está a regulamentação imediata e, por um período determinado, o bloqueio das importações de leite e derivados. Tang explicou que o pedido de medidas antidumping já foi aceito, mas alertou que os efeitos práticos dessas ações podem levar meses para aparecer.

Enquanto isso, o setor segue pressionado. Por isso, a Gadolando também defende ações conjuntas entre produtores, indústria, varejo e poder público para esclarecer à sociedade os benefícios nutricionais, econômicos e sociais do consumo de leite.

Na visão do dirigente, o Brasil não deveria ocupar a posição de importador. Ele ressaltou que o país possui qualidade, escala produtiva e tecnologia suficientes para atender o mercado interno e, no médio prazo, disputar espaço no comércio internacional.

Perspectivas para 2026

Para 2026, a expectativa da Gadolando é de que haja uma regulamentação urgente das importações, maior valorização do produtor nacional e avanço concreto na abertura de novos mercados externos. Tang afirmou que o amadurecimento da cadeia é essencial para que o Brasil se consolide como exportador de lácteos.

Ainda assim, reforçou que a prioridade imediata é garantir a sobrevivência do produtor local. Segundo ele, sem medidas rápidas por parte das autoridades políticas e administrativas, o risco de uma retração estrutural da produção permanece elevado.

Mesmo diante do cenário adverso, Tang concluiu defendendo a continuidade das boas práticas dentro das propriedades, como o registro dos animais, o controle leiteiro e a classificação morfológica, destacando que esses processos são fundamentais para a eficiência e a competitividade futura do setor.

Escrito para o eDairyNews, com informações de Canal Rural

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