A Tether não se contenta em ser apenas a emissora da stablecoin mais usada no mundo, a USDT, mas agora está buscando diversificar seus investimentos e entrar em um mercado inesperado: a agricultura. Sua última ação foi investir US$ 100 milhões na Adecoagro, uma das maiores empresas da Argentina, e, com isso, adquirir quase 10% das ações da empresa. Essa transação não apenas representa uma mudança na estratégia da Tether, mas também destaca a crescente importância do setor de agronegócios da Argentina no mundo das finanças globais.
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Por que a Adecoagro?
A Adecoagro não é uma empresa qualquer; ela é uma das principais produtoras de alimentos e energia do continente. Ela está listada na Bolsa de Valores de Nova York, o que lhe dá visibilidade e confiança nos mercados internacionais, e é dirigida pelo argentino Mariano Bosch, uma figura importante no agronegócio da região.
A empresa está presente na Argentina, no Brasil e no Uruguai e é especializada em culturas importantes, como soja, milho e trigo, além de produtos lácteos e energia renovável. Isso a torna uma importante participante não apenas no mercado regional, mas também internacional.
Tether: um passo além da criptografia
O que a Tether está buscando com esse investimento? À primeira vista, pode parecer que a empresa de criptografia está apenas buscando diversificar seu portfólio, mas a mudança vai além disso. Ao assumir uma participação de 9,8% na Adecoagro, a Tether se torna a terceira maior acionista da empresa, o que lhe dá uma posição relevante no conselho e, potencialmente, influência sobre as decisões estratégicas da empresa.
Para a Tether, isso representa uma oportunidade única de consolidar sua presença em mercados físicos, como commodities agrícolas e produção de energia renovável, aproveitando a experiência e a infraestrutura da Adecoagro na região.
Tether: o gigante que não descansa
Quanto esse investimento representa para a Tether? Financeiramente, o investimento de 100 milhões de dólares na Adecoagro parece insignificante, considerando que, durante o primeiro semestre de 2023, a Tether reportou ativos líquidos de 11,4 bilhões de dólares e lucros líquidos de 6,2 bilhões de dólares. Esse nível de ganhos fez da Tether a empresa mais lucrativa do setor de criptoativos.
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Mas a Tether não está sozinha na área de investimentos. Além de suas recentes incursões no agronegócio, a empresa anunciou a criação de uma unidade privada de combate a crimes financeiros. Essa nova divisão tem como objetivo promover a colaboração público-privada para combater o uso ilícito de USDT no blockchain Tron. Dessa forma, a empresa também garante que manterá a confiança dos usuários e das instituições em sua moeda estável, o que é crucial para permanecer na liderança do mercado.
Com a aquisição de quase 10% da Adecoagro, a Tether se torna proprietária indireta de uma série de ativos importantes na região. Esses ativos incluem duas usinas de processamento de leite na Argentina, quatro usinas de processamento de arroz, 193.000 hectares de cana-de-açúcar e 230.000 hectares de plantações, incluindo soja, milho, trigo e amendoim, espalhados pela Argentina e pelo Uruguai.
O que isso significa para o Tether? Basicamente, a empresa de criptografia agora possui ativos tangíveis que lhe dão um forte apoio no mundo físico, algo que pode ser vantajoso em tempos de incerteza nos mercados financeiros. Além disso, esses investimentos permitem que a Tether entre em setores estratégicos, como biocombustíveis e agricultura sustentável, reforçando seu compromisso com a diversificação e a inovação.
O valor da pampa húmeda para a Tether
O pampa úmido, uma das regiões agrícolas mais ricas e produtivas do mundo, torna-se o novo lar da Tether. Essa vasta planície, que cobre grande parte das províncias de Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé, é conhecida por sua fertilidade e condições climáticas ideais para a agricultura. Agora, com a entrada da Tether nesse território, como a perspectiva da agricultura argentina pode mudar?
Primeiro, o investimento da Tether na Adecoagro poderia atrair a atenção de outras grandes empresas do setor financeiro e de tecnologia interessadas em seguir o mesmo caminho. Além disso, esse movimento poderia abrir as portas para novos investimentos em infraestrutura e tecnologia agrícola, o que beneficiaria tanto os produtores locais quanto o desenvolvimento econômico da região.
Movimentos no ecossistema crypto
Enquanto o Tether está se movimentando no agronegócio, o restante do ecossistema de criptografia não está parado. Nas últimas semanas, ocorreram vários desenvolvimentos importantes que podem ter um impacto significativo no mercado de criptomoedas.
A Binance se registra na Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV) da Argentina como prestadora de serviços de ativos virtuais (PSAV). Essa medida permitirá que os usuários locais lavem suas criptomoedas legalmente dentro do país.
Um relatório da River Financial revelou que 10% das empresas nos EUA aumentarão sua exposição ao Bitcoin (BTC) nos próximos 18 meses. Isso foi apoiado por Suze Orman, uma conhecida consultora financeira, que disse que o BTC será o investimento preferido da próxima geração.
A Accenture decidiu investir na fintech Emtech, com o objetivo de integrar seus serviços de software aos produtos bancários centrais da consultoria.
As apostas da MicroStrategy e de outros gigantes
Um dos exemplos mais claros da confiança no Bitcoin é a recente compra de 18.300 BTC pela MicroStrategy, elevando seus investimentos na criptomoeda para mais de US$ 14 bilhões. Essa estratégia agressiva de aquisição da empresa liderada por Michael Saylor não só chamou a atenção da mídia, mas também inspirou outras empresas a seguir o exemplo.
Além disso, os usuários de plataformas como Venmo e PayPal agora podem fazer transferências de criptomoedas usando os serviços da Ethereum Name Labs, facilitando a adoção do Ethereum (ETH) e de outras moedas digitais.
O iPhone e o Bitcoin: uma comparação curiosa
Um fato curioso que tem circulado nos últimos dias é a relação entre o preço do iPhone e do Bitcoin. De acordo com um relatório, em 2011, a compra de um iPhone 4S custou cerca de 162 BTC, enquanto a aquisição da versão mais recente, o iPhone 16, exige apenas 0,014 BTC. Essa comparação não apenas destaca a valorização exponencial do Bitcoin nos últimos anos, mas também seu potencial como reserva de valor em face da inflação e da desvalorização das moedas fiduciárias.
A adoção do blockchain continua a crescer
Além disso, várias empresas começaram a integrar soluções de blockchain em suas operações diárias. A Telefónica, por exemplo, incorporou o serviço Private ID da Polygon em sua plataforma TrustOS, permitindo que os usuários gerenciem seus dados de forma mais segura e eficiente no blockchain. Da mesma forma, a Lufthansa e a Deutsche Telekom anunciaram sua participação em projetos de infraestrutura física descentralizada (DePIN), uma nova tendência que usa tokens e criptomoedas nativas para incentivar a participação em ecossistemas digitais.
Desenvolvimentos nos mercados internacionais
O mercado de criptografia não está avançando apenas na Argentina e nos Estados Unidos. No Brasil, o Banco Central lançou a segunda fase de seu projeto piloto de real digital, que inclui a participação de 13 bancos e instituições financeiras no teste. Esse desenvolvimento pode representar um marco na adoção de moedas digitais emitidas pelo banco central (CBDCs) na região.
Enquanto isso, nos Emirados Árabes Unidos, a Comissão de Valores Mobiliários assinou um acordo com o órgão regulador de criptomoedas de Dubai para permitir que os provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs) operem sem restrições nos seis emirados do país. Essa cooperação internacional destaca a importância crescente da regulamentação de criptografia para o desenvolvimento sustentável dos mercados.
Bancos e crypto: um relacionamento crescente
Por fim, várias instituições financeiras começaram a oferecer serviços de custódia de criptomoedas para seus clientes. Um exemplo é o Standard Chartered, que agora oferece custódia de Bitcoin e Ether nos Emirados Árabes Unidos, enquanto o BBVA adicionou o USDC ao seu menu de serviços na Suíça. Esses movimentos refletem o crescente interesse dos bancos tradicionais no mundo das criptomoedas, o que poderia facilitar ainda mais sua adoção em massa nos próximos anos.