Dada a complexidade do tema, nenhuma empresa pode se dar ao luxo de subestimar a importância desse treinamento.
O conhecimento necessário vai além de um curso intensivo de poucos dias, pois as operações dos processadores de laticínios exigem um amplo entendimento das normas e práticas.
Principais desafios
De acordo com Roberta Wagner, vice-presidente sênior de assuntos regulatórios e científicos da International Dairy Foods Association (IDFA), há uma ampla variedade de temas nos quais os processadores buscam orientação. Entre os principais estão:
- Boas Práticas de Fabricação (GMPs)
- Análise de perigos e avaliação de riscos
- Design higiênico
- Monitoramento ambiental (com foco em bactérias como Cronobacter, Salmonella e Listeria)
- Gerenciamento de fornecedores e planos de recall
- Higienização e desinfecção de equipamentos secos e úmidos
Tim Stubbs, vice-presidente sênior do Innovation Center for US Dairy, destaca que as necessidades de treinamento variam de acordo com o porte da empresa e o papel dos indivíduos dentro dela.
Formatos de treinamento incluem:
- Palestras presenciais e treinamentos práticos
- Tutoriais em vídeo e e-learning
- Realidade virtual com tecnologia 3D para simulações seguras
- Módulos “just-in-time”, acessíveis digitalmente a qualquer momento
Wagner observa que, desde a pandemia de COVID-19, houve uma migração significativa para treinamentos virtuais, proporcionando mais flexibilidade para as empresas.
O impacto da aprendizagem prática
Galer enfatiza a necessidade de treinar equipes de forma interativa. Muitas empresas recorrem ao Innovation Center for US Dairy ou a universidades especializadas, enviando funcionários para workshops ou treinamentos mais aprofundados.
Stubbs ressalta que treinamentos presenciais podem ser altamente eficazes. Em alguns casos, os participantes recebem plantas baixas de fábricas e precisam identificar locais estratégicos para testes de contaminação. Depois, passam por simulações mais complexas, como responder a um alerta de contaminação bacteriana ou lidar com um chamado da FDA.
Capacitação e certificação
Um treinamento muito procurado pelas indústrias lácteas é a certificação de “Indivíduo Qualificado em Controles Preventivos” (PCQI). O curso da Food Safety Preventive Controls Alliance (FSPCA), reconhecido pela FDA, é um dos caminhos para obter essa certificação. A formação cobre:
- Elaboração de planos de segurança alimentar
- Análise de perigos e controles preventivos
- Monitoramento e verificação de processos
A necessidade de qualificar dois indivíduos por planta faz com que muitas empresas enviem diversos colaboradores para esse treinamento.
Treinamento para pequenos produtores
Para produtores artesanais, que têm menos recursos, o Innovation Center for US Dairy oferece guias detalhados sobre controle de patógenos e boas práticas de segurança. Além disso, entidades do setor promovem capacitação em grupo e visitas presenciais para ajudar esses empreendedores a elaborar seus planos de segurança alimentar.
Stubbs cita o site safeicecream.org como um exemplo de recurso colaborativo, que disponibiliza templates de planos de segurança alimentar, treinamentos online e materiais em espanhol.
Conclusão
O treinamento eficaz em segurança alimentar deve ser interativo, adaptado ao papel do funcionário e focado no “porquê” das práticas. Mostrar casos reais de doenças transmitidas por alimentos e simular situações críticas ajuda a reforçar a importância do tema.
Dado o impacto da segurança alimentar na saúde dos consumidores e na reputação das empresas, o investimento em formação qualificada é essencial para a indústria de laticínios.
*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷