ESPMEXENGBRAIND
18 jun 2025
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Preços surpreendem no leilão, mas o alerta é outro: bastariam 5 litros a mais por brasileiro por ano para faltar leite no mercado interno. E agora, agro?
O problema? O Brasil pode ter que disputar esses produtos com o mundo. Global. Mercado
O problema? O Brasil pode ter que disputar esses produtos com o mundo.

O mais recente leilão do Global Dairy Trade (GDT 382), realizado em 18 de junho, apresentou uma queda de -1,0% no índice geral — o terceiro recuo consecutivo.

Ainda assim, os preços dos produtos neozelandeses surpreenderam positivamente, especialmente nas categorias de gordura, em plena entressafra do hemisfério norte.

O problema? O Brasil pode ter que disputar esses produtos com o mundo — e com pressa — se o consumo interno voltar a crescer.

📉 O que caiu:

  • Leite em pó integral (WMP): -2,1%
  • Leite em pó desnatado (SMP): -1,3%
  • Gordura anidra de leite (AMF): -1,3%
  • Mussarela: -1,9%
  • Lactose: -3,6%

🧈🧀 O que surpreendeu:

  • Manteiga subiu +1,4% e alcançou a segunda maior cotação da história no GDT.

  • Cheddar avançou +5,1% e flertou com os US$ 5.000 por tonelada, impulsionado por compradores do Oriente Médio — que levaram 47% de todo o queijo negociado.

Apesar da baixa global, os preços resistem. A explicação está na volta de grandes compradores estratégicos que, diante de riscos geopolíticos, preferem garantir estoque. Mas essa dinâmica global coloca um espelho incômodo diante do Brasil: e se a demanda local reagir, temos leite para sustentar o consumo?

🥛 A conta que ninguém quer fazer: e se o brasileiro voltasse a consumir leite?

Segundo a Embrapa Gado de Leite, o consumo de leite fluido no Brasil caiu de 172 litros por pessoa/ano em 2014 para cerca de 157 litros em 2022. Foi a maior queda da América Latina.

Se, por milagre das políticas públicas, renda e confiança do consumidor, esse número voltasse a crescer apenas 5 litros por habitante/ano, isso exigiria mais de 1 bilhão de litros de leite adicionais no país — quase 3% da produção nacional atual.

E o problema? A produção de leite no Brasil está em queda há nove anos. Em 2023, segundo o IBGE, foram produzidos 34,8 bilhões de litros, 6% abaixo dos níveis de 2014. As causas são conhecidas: custos altíssimos, margens apertadas, concentração industrial e falta de políticas de estímulo.

🚨 Importar resolve?

Em 2023, o Brasil bateu recorde de importações de leite em pó, somando o equivalente a mais de 2,2 bilhões de litros de leite — segundo dados da FAEP e da Embaixada da Nova Zelândia. A tendência continua em 2024, com grandes volumes entrando da Argentina e Uruguai, impulsionados pelo câmbio e pela tarifa zero no Mercosul.

Só que o cenário internacional está virando. Com a Nova Zelândia fechando sua safra com volumes maiores, as próximas rodadas do GDT prometem pressão nos preços. Ou seja, importar pode sair mais caro.

🔮 Leilões futuros e dilema interno

A NZX projeta que os volumes de WMP para entrega em julho crescerão quase 100%, com destaque para os contratos C2, que devem subir 139%. Essa abundância de oferta deve pressionar os preços no curto prazo — mas não será eterna.

E enquanto o mundo se organiza, o Brasil precisa encarar uma pergunta incômoda:

Vamos continuar assistindo à queda do consumo como se fosse uma solução, ou vamos preparar o sistema produtivo para atender uma possível retomada?

⚖️ O dilema do copo meio cheio

Se o brasileiro voltar a beber leite — e tudo indica que deveria, por saúde, por hábito e por segurança alimentar —, não há leite suficiente no sistema. O risco é repetir o ciclo: aumento de preços, inflação nos lácteos, retração do consumo e mais desmonte da cadeia.

💡 A hora de agir é agora. Ou vamos importar leite a US$ 5.000/t — com cheddar como aperitivo.

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