Evitar a compra de gato por lebre. É esse um dos trabalhos do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para os consumidores e entidades ligadas à produção de leite e derivados do tipo A2A2 e de búfala.

leite tonel foto Carolina Jardine divulgacao

Foto: Carolina Jardine/Sindilat-RS

Evitar a compra de gato por lebre. É esse um dos trabalhos do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para os consumidores e entidades ligadas à produção de leite e derivados do tipo A2A2 e de búfala. A metodologia que identifica fraudes nesses produtos foi desenvolvida de forma inédita pelo IZ.

A disponibilização do método faz parte do programa de Entregas Tecnológicas do Governo do Estado de São Paulo. Até 2022, os seis institutos e 11 polos regionais de pesquisas ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) disponibilizarão 150 tecnologias a toda a cadeia de produção do agro. Neste ano, a meta é disponibilizar 50 tecnologias nas áreas de agricultura, pecuária, pesca e aquicultura, economia, processamento de alimentos e sanidade.

De acordo com Aníbal Eugênio Vercesi Filho, a metodologia de trabalho do IZ possibilita identificar a adição de leite A1A1 ou A1A2 em leite e derivados vendidos como A2A2 e adição de leite de vacas em leite de búfalas, principalmente voltado para fabricação de produtos lácteos, como queijos. Com isso, ganham as empresas que beneficiam os produtos e os consumidores que podem ter a confiança de estarem consumindo aquilo que compraram, sem nenhum tipo de fraude. Os trabalhos científicos do IZ com as novas metodologias foram publicados nos periódicos internacionais Food Chemistry.e International Dairy Journal.

“No Laboratório de Biotecnologia do Centro de Pesquisa de Genética e Reprodução Animal, localizado em Nova Odessa, conseguimos identificar quantidades mínimas de mistura, abaixo de 1% do volume total do produto. Com isso, podemos dar tranquilidade as empresas e consumidores quanto ao que compraram. Isso é muito importante também do ponto de vista da saúde, já que algumas pessoas possuem intolerância a proteína do leite A1 e, por isso, consomem o leite A2A2. A mistura de produtos pode causar prejuízo a saúde dessas pessoas”, explica o pesquisador.

Segundo Roberto Jank Jr, diretor-presidente da Agrindus S/A, o Instituto de Zootecnia foi fundamental no desenvolvimento da ferramenta para evitar possíveis fraudes no leite de vacas A2A2. “O fato de existir um sistema de detecção de fraude no varejo é um grande auxílio para o sistema de fiscalização, ao Ministério de Agricultura e aos certificadores privados de terceira parte, o que ajuda na efetividade de atuação do poder público. O consumidor agradece”, afirma o cliente do IZ, que mensalmente envia leite e diferentes produtos lácteos A2A2 para análise em Nova Odessa.

“O trabalho realizado pelo IZ é de grande importância para que a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalas dê o selo de pureza, a certificação, de que aquele produto é feito exclusivamente com leite de búfala. Isso dá garantia ao consumidor, o que é muito relevante”, complementa Caio Vinicius Rossato, presidente da ABCB, também cliente do Instituto.

Como funciona?

O IZ utiliza dois métodos para detecção de fraudes, o HRM (High Resolution Melting) e o rhAmp, capazes de discriminar e detectar de maneira altamente confiável os genótipos A1A1, A2A2 e A1A2 do gene CSN2 em amostras de DNA de animais e de leite e seus derivados. Vercesi Filho explica que a detecção por rhAmp é dez vezes mais sensível que o método HRM, sendo indicada para a fiscalização de leite A2.

O próximo passo do trabalho é finalizar o desenvolvimento de metodologia similar para identificação de fraudes em leite de cabra. O IZ também está em fase de adequação do laboratório para receber certificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e acreditação na norma internacional ISO 17025, o que colocará o local como um laboratório oficial no Brasil para esse tipo de análise.

O laboratório recebeu recursos de R$ 210 mil neste ano para compra de novos equipamentos e melhorias. Os investimentos são oriundos de projetos com a iniciativa privada, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP).

Genotipagem de animais

Outro trabalho importante realizado pelo Laboratório é a genotipagem de animais que possuem em sua genética apenas alelos A2A2 e que produzirão leite desse tipo. O IZ consegue fazer um mapa genético dos animais utilizando a metodologia HRM. “Isso é muito importante para o produtor que quer iniciar a produção desse tipo de leite, porque ele poderá traçar a melhor estratégia para separar os animais e produzir esse produto de maior valor agregado”, explica Vercesi Filho.

Companhia do interior de São Paulo deve faturar mais de R$ 1 bilhão e descarta boatos de venda; mirando um eventual IPO, o plano é crescer com M&As, com dois negócios já no gatilho.

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