“Os custos de produzir leite dispararam nos últimos meses”, assegura a Associação de Produtores de Leite Portugueses (APROLEP), dizendo que se corre o risco de “extinção”. A associação afirma que “é urgente um preço justo" para este produto.

“Entre maio de 2021 e maio de 2022, o preço do gasóleo agrícola aumentou 97 por cento, o adubo 140 por cento, o milho 77 por cento e o bagaço de soja 45 por cento. Tudo isto representou um aumento no custo de alimentação das vacas de 59 por cento e cerca de 53 por cento no custo total para produzir um litro de leite, segundo dados de um grupo de produtores”, revela a APROLEP.

Diz, também, que “no mesmo período, o preço do leite vendido aumentou apenas 23 por cento. Muitos produtores estão a pagar mais do que 50 cêntimos por quilo de ração comprada e a vender o leite a um preço médio de 40 cêntimos/ litro no continente português e 33 cêntimos nos Açores, enquanto na Holanda o preço de referência para junho atinge os 56 cêntimos / litro de leite.”

“Nas regiões do interior e zona sul houve uma menor produção de forragem. Há situações de severas limitações de água para poder produzir milho silagem, nomeadamente barragens apenas com um terço da água disponível. Aqueles que costumam comprar milho silagem terão de pagar muito mais por quilo de silagem, quase o dobro do valor de 2021, porque o seu valor está ligado ao valor do milho grão. Alimentar as vacas com o atual preço do leite é insustentável”, sublinha, igualmente a Associação.

Neste contexto, a APROLEP propõe “a indexação do preço do leite à evolução dos custos de produção. No imediato, compete à indústria e à distribuição subirem com urgência o preço do leite ao produtor para 50 cêntimos de modo a salvar a produção de leite em Portugal, caso contrário ficam sem fornecedores.”

“Em julho de 2021, o Ministério da Agricultura anunciou a criação de uma subcomissão na PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar, para “monitorização e análise do setor do leite e produtos lácteos” e “elaborar propostas de intervenção que resolvam a crise e os problemas que afetam atualmente os produtores”. O relatório foi divulgado em janeiro de 2022. Cinco meses após a divulgação desse relatório, desconhecemos qualquer medida tomada pelo governo sobre esse assunto”, releva a APROLEP.

“A produção de leite parece abandonada pelo governo. O setor leiteiro é aquele que perde mais apoios na próxima Política Agrícola Comum (PAC). Nas medidas extraordinárias devido à guerra na Ucrânia os apoios propostos representam menos 50 euros por vaca. E com o preço do leite abaixo dos custos de produção, com o pior preço do leite entre os 27 países da União europeia e com apoios insuficientes, cada vez mais produtores e de maior dimensão abandonam o setor”, avança a APROLEP.

E deixa números que mostram o abandono do setor por muitos: “entre março de 2021 e março de 2022 mais 200 produtores abandonaram a atividade em Portugal. Sem uma atualização urgente do preço do leite e uma inversão de atitudes a produção de leite português caminha para a extinção. Quem deixa as vacas de leite não volta a esta atividade.”

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A relação entre segurança alimentar e negócios tem ganhado força, já que um descompasso do lado da oferta afeta negativamente a demanda.

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