Há demanda para aplicação de R$ 100 milhões em recursos para a aquisição do leite, segundo uma fonte Globo Rural.
O governo federal deverá anunciar, na próxima semana, a compra de leite em pó pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) como forma de ajudar o setor da pecuária leiteira nacional, que enfrenta uma crise com a concorrência de produtos lácteos importados do Uruguai e da Argentina, disseram duas fontes.
Apesar da queda nos preços pagos aos produtores brasileiros, o índice não está abaixo do preço mínimo estipulado pela Conab e por isso o governo deverá aplicar a modalidade de Compra com Doação Simultânea.
As áreas do governo federal envolvidas no tema ainda discutem os detalhes da medida em Brasília, mas há demanda para aplicação de R$ 100 milhões para a aquisição do leite, de acordo com uma fonte. O valor, no entanto, ainda não está definido. O anúncio deverá ocorrer na próxima terça-feira (08/08).
O leite deverá ser doado em cestas básicas e também destinado ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “O presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] determinou que o leite e seus derivados sejam incluídos no PNAE. Vai criar uma demanda enorme por produtos de leite e isso deve equilibrar os preços ao produtor brasileiro”, disse uma das fontes.
O preço mínimo do leite no Sudeste e no Sul do país está em R$ 1,88 por litro. No Centro-Oeste, com exceção de Mato Grosso, o preço é de R$ 1,87 por litro. No Norte e em Mato Grosso, o valor é de R$ 1,38 por litro. Já no Nordeste, o índice é de R$ 2,17 por litro.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço médio no Rio Grande do Sul, Estado em que os produtores têm protestado contra as importações, ficou em R$ 2,35 por litro em junho deste ano. No Brasil, a média de preços pagos aos pecuaristas foi de R$ 2,55 por litro naquele mês.
O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou, na reunião de julho, uma resolução que retira a desoneração para a importação de alguns derivados de leite, como whey protein, aprovada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Produtos como lactalbumina, incluindo os concentrados de duas ou mais proteínas de soro de leite, terão a tarifa de importação majorada de 4% para 11,2%. Outros complementos alimentares saem de 0% para 12,8%.
“Mas o impacto é pequeno. O grande impacto, para equilíbrio dos preços os produtores, será com a compra de leite pelo governo”, disse uma fonte.
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