Por meio de sensores, produtores podem identificar nos animais desde um possível problema de saúde até a entrada em período reprodutivo das vacas leiteiras.
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Essencial para a produção de leite de qualidade, o bem-estar animal recebe atenção especial no agro. (Joseani antunes/ Embrapa/divulgação)
Aplicativos, sensores e melhoramento genético são alguns trunfos utilizados pelos produtores capixabas para revitalizar a pecuária leiteira, garantindo, ao mesmo tempo, bem-estar animal e aumento da produtividade.

Entre as inovações, está uma coleira que emite informações sobre a saúde do gado em tempo real para um aplicativo instalado no celular ou no computador.

“O equipamento detecta alterações no comportamento do animal. O sistema indica se está doente ou no período reprodutivo, por exemplo”, explica o coordenador técnico de Produção Animal do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Bernardo Mello.

Ao indicar se a vaca está apta à inseminação, o dispositivo resolve um dos problemas da pecuária, que é o cio silencioso. “Vaca que não emprenha no período reprodutivo é prejuízo”, frisa.

Um dos produtores que passou a fazer uso desse sistema é Emanuel Moulin, de Jerônimo Monteiro, no Sul do Estado. “Nossos animais tinham muito cio silencioso. Com a coleira, conseguimos identificar e fazer o protocolo correto. Além disso, passamos a avaliar a ruminação do gado, para saber quanto está comendo, quanto tempo ficou em ócio, tudo isso via aplicativo”, conta Moulin.

Na propriedade dele, foram iniciados testes em 65 animais, com avaliação positiva dos resultados. “Conseguimos mapear como está a saúde do animal e tratá-lo antes que fique doente”, aponta.

Além dos colares, alguns produtores capixabas têm usado outros sensores para monitorar o comportamento dos animais, como explica o gerente de Bovinocultura e Assistência Técnica da Nater Coop, Filipe Ton Fialho.

“O sensoriamento de bovinos é uma tecnologia relativamente nova no Brasil. Já há fazendas de médio a grande porte utilizando. A proposta é utilizar os podômetros (aparelho que registra o número de passos) instalados unitariamente. Cada vaca do rebanho recebe um, que fornece informações sobre doenças e comportamento do animal”, detalha Fialho.

Esses sensores analisam se a vaca está andando menos do que o habitual e lançam um alerta para o operador do sistema, o vaqueiro ou o auxiliar de pecuária.

“Esse animal pode estar doente, com febre ou algum problema que gere comorbidade. O sistema também alerta se a vaca estiver andando mais que o costume, já que há uma possibilidade de estar no cio”, pontua Fialho.

Outra inovação implementada pela Nater Coop é o condomínio leiteiro, onde é feito o resfriamento do gado. Espaço que a cooperativa divide com os associados. “É uma atitude inédita no Espírito Santo”, aponta o coordenador técnico do Incaper Bernardo Mello.

Ele comenta que a técnica de resfriamento antes da ordenha aumenta a produtividade.

“Cerca de 80% dos produtores erram ao colocar as vacas em um ambiente muito quente. Mas é possível prover áreas de sombra tanto de forma artificial quanto natural, colocando linhas de árvores no pasto”, exemplifica o coordenador do Incaper.

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Nater Coop usa sensores para monitorar saúde das vacas e oferece ambiente refrigerado para os animais

Mello cita outros exemplos de tecnologia no campo, como a inseminação artificial, que tem gerado animais mais produtivos e resistentes a doenças.

“A produção de gado no Estado deu um salto muito grande nos últimos 15 anos, com a multiplicação de animais geneticamente superiores por inseminação in vitro, principalmente no gado de leite”, destaca.

Alimento nutritivo

Também há avanços nos alimentos dados aos animais leiteiros, como explica o pesquisador Antônio Vander Pereira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que atua no desenvolvimento de melhoramentos para plantas forrageiras, destinadas à pastagem. “As pastagens evoluíram. Até 1960, eram utilizadas espécies que vieram nos navios que traficavam escravos para o Brasil, como o capim-colonião, muito comum no Espírito Santo, o capim-gordura e o capim-jaraguá”, contextualiza.

Embora tenham boa adaptação às condições tropicais, são capins com potencial baixo de produção. Com a criação da Embrapa, em 1970, iniciou-se um programa de melhoramento, introduzindo coleções de forrageiras, mais produtivas e com melhor valor nutricional. “O capim-colonião precisava de dois a três hectares para suportar uma cabeça animal. Já com as cultivares melhoradas, é possível colocar quatro cabeças de animais por hectare”, compara.

 

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