A pegada hídrica, de acordo com Hoekstra et al. (2011), é uma métrica que se divide em três partes: azul, verde e cinza, e a soma das três é chamada de “água virtual” de um produto. Na Figura 1 é apresentado um esquema de como acontece a classificação. Fonte: Adaptado de Abapa, 2020.
Figura 1: Classificação das Pegadas Hídricas
Pegada Hídrica em Laticínios
A pegada hídrica em laticínios refere-se à quantidade total de água necessária para produzir um determinado produto lácteo, levando em consideração todas as fases da cadeia de produção, desde a alimentação para o gado até o processamento do leite e a fabricação final do produto. Esta avaliação inclui tanto a água direta quanto a água indireta usada ao logo de todo o ciclo de vida do produto. Algumas etapas da PH em laticínios estão descritas na Figura 2. Fonte: Dos autores, 2024.
Figura 2: Etapas da Pegada Hídrica em Laticínios
De acordo com a Figura 3, os valores médios das pegadas hídricas são: 1.000 litros de água para produzir um litro de leite; 4.600 litros de água para produzir 1 kg de leite em pó e 5.000 litros de água para produzir 1 kg de queijo, conforme citado por Hoekstra (2011). Esses valores destacam as pegadas hídricas associadas à produção de diferentes produtos lácteos, evidenciando a demanda considerável de recursos hídricos envolvida em cada processo de fabricação. Fonte: Dos autores, 2024.
O consumo de água é influenciado pela natureza específica de cada indústria, pelas técnicas, processos e equipamentos empregados nas diversas etapas de processamento. Em um estudo realizado por Saraiva et al. (2009), o coeficiente médio de consumo de água foi de 3,2 litros por litro de leite processado. Esses resultados assemelham-se aos achados de Machado et al. (2002), que examinaram indústrias com capacidade de recebimento e processamento de leite entre 10.000 e 20.000 litros por dia, registrando coeficientes de consumo de água variando de 3,0 a 4,5 litros por litro de leite processado. Importante salientar que tais valores não representam a totalidade da pegada hídrica associada à produção de leite, mas apenas uma fração dela. No cálculo foi considerado somente o uso direto de água pela unidade industrial para suas demandas de processamento do produto e higienização.
Contrastando com essas observações, Silva (2006) identificou um coeficiente de consumo de água mais elevado, atingindo 6,1 litros por litro de leite processado em uma pequena indústria de laticínios situada na Zona da Mata mineira. No entanto, em estudo posterior no mesmo laticínio, em períodos distintos, Castro (2007) encontrou um coeficiente médio de consumo de água de 5,7 litros por litro de leite processado. Essa variabilidade destaca a influência de fatores temporais e estruturais no consumo de água em instalações de processamento de laticínios.
De acordo com a pesquisa realizada por Castro (2007), o desperdício de água e a falta de padronização nos procedimentos de higienização são questões críticas identificadas em todos os processos de produção nas indústrias de laticínios. Contudo, por meio da implementação de medidas simples, como a reutilização da água, a padronização dos procedimentos de limpeza e a capacitação e conscientização dos colaboradores, esses problemas podem ser eficazmente atenuados.
Reduzir a produção de resíduos líquidos não apenas preserva o meio ambiente, mas também desempenha um papel central na diminuição da pegada hídrica associada à indústria. A água utilizada em operações como processamento e higienização é um componente significativo da pegada hídrica total. Ao adotar práticas eficientes de gestão de efluentes, a indústria não apenas contribui para a preservação da qualidade da água, mas também diminui a quantidade de água necessária em suas operações. Isso resulta não apenas em menor demanda por recursos hídricos, mas também em economias substanciais em custos relacionados ao tratamento e uso da água.
Portanto, reduzir os resíduos líquidos na indústria de laticínios revela-se uma estratégia fundamental para a gestão da pegada hídrica, conferindo benefícios significativos tanto em termos ambientais quanto econômicos.
REFERÊNCIAS
ABAPA, Associação Baiana dos Produtores de Algodão, 2020. Disponível em: https://abapa.com.br/mais-noticias/dia-mundial-da-agua-pegada-hidrica/. Acesso em 07 de novembro de 2023.
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Autoras: Clarice Coimbra Pinto – Pesquisadora do EPAMIG/Insitituto de Laticínios Cândido Tostes
Claudety Barbosa Saraiva – Professora e Pesquisadora do EPAMIG/Insitituto de Laticínios Cândido Tostes