Importante ferramenta para atualização dos produtores rurais, o Anuário Leite 2025, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), já está disponível e o tema central é a Produção de Leite e as Mudanças Climáticas.
A publicação reúne informações sobre o mercado, pesquisas e novas tecnologias. Nesta edição, parte das pautas foi balizada pela proximidade da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para novembro.
Na publicação, a Embrapa destaca as soluções apresentadas pela ciência para produção sustentável no Brasil.
O chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Denis Teixeira da Rocha, explica que o Anuário é uma relevante fonte de informações para os produtores. Isso, por reunir os mais importantes assuntos relacionados à cadeia, desde o mercado até os resultados de pesquisas.
“O Anuário Leite consolida os principais dados sobre a cadeia do leite no Brasil e no mundo, analisados por nossos especialistas. Além disso, apresenta resultados de pesquisas da Embrapa de modo que o leitor fique atualizado sobre a conjuntura de mercado e as novidades tecnológicas disponíveis. Tudo isso, apresentado de forma simples e direta”, confirma.
Produção de Leite e as Mudanças Climáticas
Em relação ao tema central – Produção de Leite e as Mudanças Climáticas -, conforme Rocha, a Embrapa Gado de Leite trabalha em busca de soluções práticas relacionadas às mudanças climáticas já há algum tempo.
Os trabalhos são de áreas variadas incluindo experimentos como o manejo adequado de pastagens e o menor desperdício, que possam contribuir para a redução significativa na emissão de gases de efeito estufa na atividade leiteira.
“Na esteira da COP30, no Anuário Leite 2025, destacamos as soluções apresentadas pela ciência para produção de forma sustentável no Brasil.
A Embrapa Gado de Leite tem avançado muito nessa temática em parceria com grandes empresas de laticínios, como a Nestlé, Lactalis, Danone e Sooro, e com instituições de assistência técnica e extensão rural como a Emater-MG”, disse.
Ainda conforme Rocha, entre as iniciativas desenvolvidas, estão pesquisas para determinar a pegada de carbono do leite produzido nas diferentes regiões do Brasil.
O objetivo é determinar a participação relativa dos contribuintes desta pegada – metano entérico, dejetos, alimentação, energia e transporte – para, então, apresentar estratégias customizadas para cada sistema promovendo, assim, a redução das emissões de gases de efeito estufa.
“Atualmente, já temos um banco de dados de mais de 2 mil fazendas analisadas nas principais regiões produtoras de leite do País. Aprovamos, recentemente, um grande projeto, financiado pela Fapemig, que nos permitirá avançar ainda mais nesse trabalho em Minas Gerais, maior produtor nacional de leite”, adianta.
O projeto citado é o “Produção sustentável e melhoramento animal para pecuária de leite com baixa emissão de gases de efeito estufa em Minas Gerais”. O estudo tem como pesquisador líder Thierry Ribeiro Tomich e receberá recursos próximos a R$ 1,77 milhão.
Outro destaque é o trabalho envolvendo a melhoria genética de bovinos Girolando, que resultou no aumento de 60% na produtividade leiteira da raça. Isso significou uma redução de 39% das emissões de metano por litro de leite produzido.
Anuário reúne informações sobre o mercado
No Anuário Leite 2025, também há um amplo panorama do mercado com informações sobre o comportamento do setor tanto no Brasil como no mundo. Os pesquisadores da Embrapa analisaram a conjuntura, avaliando a oferta e demanda do leite no Brasil, poder de compra do leite ao produtor, as margens financeiras na atividade e a balança comercial de lácteos.
Rocha destaca também dois artigos. O primeiro é “Concentração espacial da produção leiteira entre 1980 e 2023”. “Nele é apresentada a origem da metade do leite produzido no Brasil e como esta produção se concentrou, ao longo de mais de quatro décadas analisadas, em que a produção mais que triplicou e o número de vacas reduziu”, explica.
O outro artigo é “Indicadores técnicos, econômicos e a rentabilidade na produção”. O artigo analisa as diferenças entre mais e menos rentáveis entre os estratos de produtores de menor (até 500 litros/dia) e maior volume de produção (superior a 4 mil litros/dia).
“Nesta análise destaca-se que o maior volume de produção contribui para diluir custos fixos e traz outros benefícios de mercado. Mas, os melhores resultados econômicos estão diretamente associados a bons resultados técnicos dentro da porteira. Ou seja, é possível obter bom desempenho no negócio mesmo sendo um produtor de pequeno porte”, explicou Rocha.
O Anuário é gratuito e pode ser baixado no site da Embrapa Gado de leite.