Muitas fazendas nas áreas da linha de frente estão fazendo o possível para manter a operação, apesar dos inúmeros desafios relacionados à guerra, como bombardeios. As empresas leiteiras estão sofrendo continuamente com bombardeios nas regiões de Sumi e Chernihiv, no norte, bem como na região de Mykolaiv, no sul, disse Andrey Tabalov, presidente da empresa ucraniana de laticínios Voloshkove Pole, ao jornal local.

Durante os primeiros dois meses da guerra, além dos bombardeios, a empresa também enfrentou turbulências logísticas, lembrou. A Rússia ocupou grande parte das regiões de Sumi, Chernihiv e Kiev na inicial do conflito, mas recuou desta parte do país emmarço de 2022.

Pecuária na Ucrânia

Milhares de animais morreram devido aos bombardeios na região de Donetsk, uma parte do país onde os conflitos mais ferozes estão em andamento, disse a administração regional em um comunicado em seu site. Durante o conflito, várias cidades foram transformadas em ruínas, durante o que a imprensa local frequentemente descreveu como “inferno da terra”.

Até fevereiro de 2023, pelo menos 25 fazendas leiteiras nas regiões foram confirmadas como danificadas ou destruídas, com cerca de 1.300 vacas mortas. É provável que os números reais sejam maiores.
Em 2022, os produtores de leite de Donetsk produziram apenas um terço do leite que fabricaram no ano anterior, acrescentou a administração regional.

Pecuária leiteira na Ucrânia

Para algumas fazendas, os bombardeios contínuos continuam sendo um obstáculo para restaurar as operações. Por exemplo, na Ucrânia, uma fazenda estatal com sede em Kharkiv, Kutuzovka, perdeu metade de seu rebanho de 2.000 cabeças devido a bombardeios e está lutando para se reerguer, informou o jornal local Suspilne.

“Muitas vacas ficaram feridas; decidiu-se matá-las. Como não havia luz e os frigoríficos não funcionavam, a carne foi distribuída entre os cidadãos locais”, disse a publicação, acrescentando que quase toda a infraestrutura da fazenda foi danificada, enquanto 9.000 hectares de terras agrícolas onde Kutuzovka costumava cultivar rações estão fortemente minadas agora.

A empresa transferiu 500 vacas para outra área e agora tenta estabelecer condições para trazê-las de volta. Para restabelecer a operação, são necessários pelo menos 400 animais. Acredita-se que dezenas de fazendas de leite em várias regiões fronteiriças ucranianas se encontram em uma situação semelhante.

Produtores russos

Em 2022, a indústria de lácteos russa quase não foi diretamente impactada pelos ataques, estando localizado relativamente longe da linha de frente. Em 2023, produtores de leite e empresas de lácteos nas regiões de Belgorod, Bryansk e Kursk também enfrentam enormes desafios devido a bombardeios transfronteiriços, informou a agência de notícias local Dairy News, citando participantes do mercado e
autoridades.

Nos últimos meses, os bombardeios transfronteiriços entre forças russas e ucranianas se intensificaram visivelmente, regularmente ceifando vidas e causando destruição em ambos os lados. A fábrica de laticínios Shebekino, uma das principais empresas de laticínios do Oblast de Belgorod, disse à publicação: “Todo mundo tem medo de vir até nós. As coisas estão difíceis com o transporte e não dá para colocar toda a produção.”

A empresa agrícola Kursk sofreu perdas de cerca de 1,2 bilhão de rublos (US$ 13 milhões) devido aos ataques, revelou Ruslan Pletnev, vice-diretor geral da empresa. “Nossa empresa operava na região da fronteira [com a Ucrânia]. Uma parte da terra foi retirada do trabalho e não conseguimos colher as colheitas lá fora. Armazéns, colheitadeiras e equipamentos de secagem foram destruídos”, afirmou Pletnev. A empresa também tem custos logísticos adicionais, tendo que contar com infraestrutura
localizada em territórios seguros, acrescentou.

Trabalhadores com armaduras

Vladislav Epanchintsev, comissário para a proteção dos direitos dos empresários na região de Belgorod, disse que o orçamento federal russo destinou 1 bilhão de rublos (US$ 11 milhões) para compensar as perdas sofridas pelas empresas. Ele admitiu que esse valor não pagou as perdas que algumas empresas sofreram devido aos bombardeios.

Alguns trabalhadores têm que ir para os campos com capacetes e armaduras corporais, disse Vyacheslav Gladkov, governador do Oblast de Belgorod, à publicação.

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