O mercado de alimentos da Austrália está entrando em uma “nova normalidade” após cinco anos de volatilidade causada pela pandemia de COVID-19, interrupções na cadeia de suprimentos e pressões inflacionárias.
Essas são as conclusões do relatório “O Mercado de Alimentos da Austrália Abraça o Novo Normal”, publicado pelo Rabobank por meio de sua divisão RaboResearch.
Segundo Michael Harvey, analista sênior da RaboResearch para alimentos e autor do estudo, o setor passou por uma “convergência de fatores”, incluindo gargalos globais na cadeia de suprimentos, conflitos geopolíticos, alta nos preços de commodities e energia, além de impactos climáticos na produção.
Mudanças no comportamento do consumidor A crise dos últimos anos afetou a disponibilidade de alimentos e ingredientes, impulsionou a inflação e alterou hábitos de consumo. Houve uma migração do consumo fora de casa para refeições preparadas no domicílio, especialmente entre os australianos de baixa renda, que enfrentaram uma queda no poder de compra.
Embora o mercado esteja se estabilizando, Harvey ressalta que produtores, fabricantes, varejistas e operadores de food service precisam continuar se adaptando às mudanças estruturais.
Preferência por marcas próprias e alimentos acessíveis O relatório destaca que as famílias australianas estão ajustando seus hábitos de compras de supermercado devido ao custo de vida elevado. Entre as principais tendências estão:
- Crescente adesão às marcas próprias dos supermercados;
- Maior demanda por alimentos congelados e de longa vida;
- Preferência por produtos com desconto;
- Fortalecimento do varejo alimentar, impulsionado pela preparação de refeições em casa.
Como resposta, os varejistas estão expandindo suas linhas de produtos de marca própria, investindo em e-commerce e oferecendo opções inovadoras, como refeições prontas e lanches saudáveis. Segundo Harvey, após um período de impacto negativo causado pela pandemia, as marcas próprias estão voltando a ganhar mercado.
“Entrando em 2025, as marcas próprias estão retomando participação e as condições favorecem essa tendência. Os consumidores continuam priorizando o custo-benefício, e os varejistas estão focados em ampliar suas marcas próprias, garantindo resiliência na cadeia de suprimentos”, afirmou.
Setor de food service enfrenta desafios O setor de food service, que inclui restaurantes, cafés e bares, enfrenta uma recuperação lenta devido à pressão econômica e mudanças nos hábitos de consumo. A reabertura pós-lockdown, o aumento do trabalho remoto e os orçamentos domésticos mais apertados resultaram em queda no gasto com alimentação fora do lar.
“Cafés, bares e restaurantes tradicionais foram os mais impactados, registrando quedas significativas de desempenho”, disse Harvey. “Por outro lado, redes de fast food e operadores de serviço limitado se destacaram, com os consumidores optando cada vez mais por delivery, drive-thru e opções para levar.”
Além da redução no fluxo de clientes, o setor lida com aumento dos custos de mão de obra e insumos. Para garantir estabilidade, será essencial recuperar as margens dos restaurantes e atrair mais clientes.
“Embora existam sinais iniciais de melhora, jantar fora continuará sendo um luxo para muitas famílias australianas até que os orçamentos domésticos se fortaleçam substancialmente”, acrescentou Harvey.
Tendências do setor de food service O relatório também aponta tendências que moldarão o futuro do setor, como:
- Expansão das redes globais de fast food (QSR);
- Crescente popularidade do bubble tea;
- Maior demanda por conveniência e economia de tempo;
- Expansão das redes de sushi;
- Forte preferência do consumidor por cafés feitos por baristas.
À medida que o setor de alimentos da Austrália se adapta a esse “novo normal”, produtores e varejistas precisam continuar investindo em inovação, eficiência e estratégias de valor para atender às expectativas dos consumidores em um cenário de mudanças econômicas.
Traduzido e adaptado para eDairyNews🇧🇷
