A alta do preço do leite no campo levou ao aumento das cotações dos derivados lácteos. A pesquisa do Cepea em parceira com a OCB mostra que, na negociação entre indústrias e canais de distribuição paulistas, as médias de preços do UHT, muçarela e leite em pó fracionado (400g) subiram 5,1%, 5,9% e 4,5% em maio, respectivamente.
No entanto, o repasse da valorização da matéria-prima para os derivados ocorreu em intensidade menor do que a variação observada no campo, já que o consumo não se fortaleceu como o esperado.
Em junho, os preços dos lácteos avançaram até a segunda quinzena do mês – o que deve manter a média mensal ainda em alta frente ao mês anterior. Porém, nas duas últimas semanas de junho, as cotações retornaram ao patamar do início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição.
Dessa maneira, a margem dos laticínios na venda dos derivados seguiu justa, especialmente para os produtos mais “comoditizados” (como UHT, muçarela e pó) – o que, por sua vez, pode frear o ritmo de altas nos preços pagos aos produtores.
Outros fatores reforçam a perspectiva de que o movimento altista deve perder força em junho e, até mesmo, se inverter a partir de julho, como o incremento da margem do produtor nestes últimos meses, que tende a favorecer a recuperação da produção nacional de leite cru, ainda de forma lenta.
Quanto à oferta de derivados, as importações continuam sendo um fator de incerteza para o mercado. Dados da Secex mostram que, em maio, as compras externas caíram 23,6%, totalizando cerca de 150 milhões de litros em equivalente leite, queda de 28% frente a maio/23, mas ainda mais que o dobro do registrado em maio/22.
De janeiro a maio, o volume importado somou 923 milhões de litros em equivalente leite, 5,1% a mais que no mesmo período de 2023.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de maio/2024)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.