Após quatro altas sucessivas no preço de referência do leite pago pela indústria aos produtores, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite-RS) projetou a remuneração de R$ 2,8157 para o litro em agosto. O indicador, divulgado ontem representa uma redução de 14,80% em relação ao valor consolidado no mês de julho (R$ 3,3049). O recuo deve-se ao crescimento no volume de captação, dado o período de safra, e à diminuição do consumo no varejo devido à elevação no preço do produto nos supermercados. Segundo integrantes do Conseleite-RS, os valores de referência devem, a partir de agora, alcançar uma estabilidade, prevista, ao menos, até o final do ano.
A baixa, segundo coordenador do Conseleite-RS, Eugênio Zanetti, reflete a redução no custo dos combustíveis, especialmente do diesel. E ocorre num momento em que o setor começa a se recuperar dos prejuízos acumulados no primeiro semestre. “Esperamos não voltar aos patamares anteriores de custos. Senão, vamos ter produtores desistindo da atividade, já que os preços da ração e dos fertilizantes seguem altos”, alerta.
Segundo o secretário executivo do Sindicato da Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, a queda já era esperada, uma vez que o Estado esteve em período de safra, diferentemente de outros estados “É normal ocorrer um aumento de produção e chegar num momento de estabilidade”, lembra. Para ele, a diminuição no valor de referência torna o leite mais acessível ao consumidor. “Ao mesmo tempo que tivemos um aumento, agora, estamos numa situação confortável, que não impacta tanto o setor”, assegura.
No entanto, Zanetti se preocupa – e alerta -, para a retomada das importações de lácteos provenientes de países como Uruguai e Argentina a partir de outubro, após período de estiagem. “O cenário de incerteza dificulta a organização dos produtores, que precisam avaliar investimentos cuidadosamente”, pondera. Há ainda expectativa de baixa na captação entre os meses de outubro e dezembro devido à possível falta silagem, ainda como consequência da escassez hídrica vivida pelo RS no último verão. “Precisaríamos de preços de referência mais altos por, pelo menos, três meses para uma recuperação”, afirma.