Os dois problemas relatados pela produtora refletem a queda no número de produtores em todo o Rio Grande do Sul, um dos estados que registra o maior percentual de desistência da atividade, no país. O número de produtores de leite em atividade no Rio Grande do Sul caiu 52,28% de 2015 para 2021. Em contrapartida, a queda de produção foi de apenas 3,15%. Os dados são do Relatório da Cadeira Produtiva de Leite de 2021, apresentado pela Emater/RSASCAR. A explicação para a disparidade nos percentuais, de acordo com a Emater, é de que os produtores que permanecem na atividade, passam a produzir mais.
Na região de Ijuí, em dez anos, a queda no número de produtores foi de 57%. De acordo com o Técnico Agrícola da Emater, Edvin Bernich, em 2012, 650 famílias produziam leite; em 2021 o número caiu para 280. A desistência de 370 famílias preocupa. Odete Fraga, que atualmente mora sozinha na propriedade, disse que o preço que recebia por litro de leite era de R$ 0,80. “Esse valor nem pagava os custos, então lucro era impossível”, lamentou.
Mesmo com o baixo lucro, a idosa tentou encontrar funcionários para ajudar na manutenção da atividade. “Procurei e não encontrei ninguém que soubesse trabalhar com isso, e a pessoa precisa saber, não é algo que se aprende do dia para a noite. Antigamente tinha mais gente trabalhando na roça, agora é uma dificuldade”, lamentou.