Centro de estudos da USP indica aumento real no valor do leite pago aos pecuaristas de 30,4% no país desde janeiro.
Leite, Movimento de alta se explica pela redução da produção nacional | Foto: Fernando Dias / Divulgação Seapi / CP
Movimento de alta se explica pela redução da produção nacional | Foto: Fernando Dias / Divulgação Seapi / CP
Desde janeiro, o valor do leite pago aos pecuaristas brasileiros acumula avanço real de 30,4%, embora o preço médio de maio tenha ficado 4,82% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, em termos reais.

Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). A explicação para o movimento de alta se ampara ainda pela entressafra no sudeste do país e pela alta do dólar, que ajuda a frear as importações.

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O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, confirma que a remuneração aos produtores melhorou, mas alerta que ainda existe discrepância com o valor de varejo nas gôndolas dos supermercados. “Se formos ver o custo que nosso consumidor paga, de R$ 4,90 a até R$ 6 ou mais, há uma distância grande”, afirmou.

Esta semana, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite) projetou o valor de R$ 2,5670 como referência projetada para o leite em junho para os pecuaristas. O reajuste é de 5,34% em relação a maio, de R$ 2,4368.

Indústria

Para o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, o ajuste nos valores é resultado da conjuntura de mercado, que tem menor oferta nesta época. “É normal ter uma reposição de preços neste período, visto que começamos a safra no Rio Grande, Santa Catarina e Paraná, mas há entressafra em outros estados brasileiros como na grande bacia leiteira de Minas Gerais”, explicou.

Para as indústrias, a captação de leite ainda sofre os efeitos da catástrofe climática no Estado, que arruinou a infraestrutura rural em muitas localidades e amplia os trajetos até os tambos.

“Estamos tendo custo de logística um pouco maior do que no período anterior à catástrofe. Há propriedades que ficaram mais distantes para a coleta. A distribuição para algumas cidades também está mais distante ou demorada, o que reverte na questão do valor econômico”, disse Palharini.

A indústria de latícinios ainda está aguardando a efetividade de medidas federais para o Programa Mais Leite Saudável. O decreto federal 11.732 foi publicado em outubro de 2023 e entrou em vigor em 1º de fevereiro, prevendo benefícios tributários a agroindústrias, laticínios e cooperativas que adquirem a matéria-prima nacional.

Portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aumentou o crédito presumido de 50% para 100% e também aplicação no campo de 5% para 20%. “Estamos aguardando uma Medida Provisória ou decreto do Ministério da Economia criando a dotação orçamentária, que ainda não tem”, disse o diretor do Sindilat.

O setor ainda aguarda a liberação pelo governo do Estado dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite do Rio Grande do Sul (Fundoleite). O tema foi discutido em maio na Câmara Setorial do Leite e Derivados da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). “Era para ter reunião esta semana para estabelecer regramento, mas deve ficar para a próxima, para liberação de recursos”, esclareceu Palharini.

 

 

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